Drogas tem tudo a ver com dor, sofrimento, fracasso, morte...! |
Antes de qualquer opinião,
convido você, caro leitor, a imaginar a seguinte situação: um casal jovem e
feliz, que sonha construir uma família. A mulher comemora ao saber da gravidez.
São nove meses de cuidados com o filho que carrega no ventre. Quando o bebê
nasce, ele recebe tudo do melhor. O casal está feliz, porque além do sucesso
profissional, assistem ao crescimento de um menino sorridente e saudável. Eles
dão amor e mimos à criança, esperando que isso o satisfaça e o torne uma boa
pessoa. Aos 14 anos de idade, o rapaz começa a se comportar de forma estranha,
chegando tarde da escola, com atitudes misteriosas e agressividade exagerada. A
mulher percebe que algumas coisas passaram a sumir de casa. De repente se
inicia um pesadelo na vida daquela família. O jovem, em alto grau da
dependência química, já não respeita nenhuma regra, inclusive, chegando a
aparecer drogado em casa. Em um desses episódios, os pais discutem com o filho,
na tentativa de freá-lo. Sob o efeito de entorpecentes, o rapaz agride os dois
e foge de casa. O caso é real e aconteceu, em 2012, em Itabuna. Entrevistei a
mãe do dependente químico e vi o desespero de uma pessoa que já não sabe mais a
quem recorrer. Quantas vezes nos sentimos frustrados, com esforços jogados ao
vento? A sensação não é das melhores, mas acaba desaparecendo com atitudes
maduras e soluções encontradas. No entanto, como agir quando a paz não depende
de você? Uma mãe deve abandonar o filho viciado que a agrediu e lhe dá
problemas até hoje? Ela deve persistir e ter esperanças de dias melhores? Na
luta há mais de seis anos, essa senhora já procurou ajuda em todos os órgãos
imagináveis do município e às vezes o que ainda escuta é um “você ainda não
desistiu desse menino? Isso é caso perdido”. O que precisamos dos órgãos
públicos e de nossos representantes não são dedos apontados para a juventude
engolida pelo vício das drogas. Antes de qualquer esforço para a redução da
maioridade penal, carecemos de soluções contra a dependência química, uma
doença atualmente ignorada. Em Itabuna, as mães estão sendo obrigadas a
apelarem para métodos criativos e, às vezes, absurdos, como acorrentar um
filho, para impedi-los de alimentar o vício. Elas apelam por um trabalho
realmente efetivo das autoridades. Afinal, as drogas nunca atingem somente o
viciado, ela leva junto toda estrutura familiar.
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