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Câmara

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31 de março de 2018

QUE VÁ O MÊS, MAS QUE ELAS TENHAM O ANO INTEIRO

Nosso desejo, é que todos os dias sejam 100% de reconhecimento
da importância da mulher como para o aperfeiçoamento do mundo!

É fato: não estamos no Mês da Mulher. Estamos só em mais um mês que deveria ser o das mulheres. Mais uma chance perdida de mudarmos as coisas. Mais um mês de contradições, na qual uns vão dizer “defendei vossas mulheres”, enquanto o vizinho do lado está levantando a mão para a sua esposa ou a submetendo a agressões psicológicas por se achar “dono dela”. O mês marcado por mortes de Marielles e permanência de impunidade das mortes de tantas outras Raylucienes Castro e Clébias Lisboa. Além das agressões físicas e das mortes, ainda temos uma forte cultura covarde e atroz que desonra as nossas brasileiras, baianas e itabunenses: a cultura do abuso sexual, do aliciamento e do estupro. Pior ainda é saber que, sim, estamos cientes de que se trata de uma prática vil, abusiva e que ofende a todo e qualquer princípio de liberdade e de dignidade humana. Mas, ainda assim, continuamos a acobertá-la, tratando o estupro como uma atrocidade comum da atualidade, punível com leis imprecisas e penas de pouco efeito inibitivo, responsabilizando mais as mulheres pela forma com que se vestem do que os monstros que cometem tal crime. Passamos do tempo de dizer que muitos cometiam estupros porque não entendiam ao certo o que estavam fazendo, como se fosse um lampejo de fraqueza perante a um instinto natural de momento. Essa lorota é velha. O estuprador tem plena consciência, sim, do que está fazendo. No pé que estamos, talvez nem um ano inteiro em prol da mulher mude as coisas. Se queremos ser um país melhor, uma Itabuna melhor, focado na vontade de crescer, precisamos superar essa cultura da violência contra a mulher, essa cultura dos homicídios das Raylucienes e das Clébias. Esse tem que ser um compromisso geral e cotidiano. A maioria da nossa população é composta de mulheres, e precisa ser respeitada.

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