Quem se diz biógrafo de quem diz ser louco, tem que primeiro deixar de ser muito louco! |
Tem gente que
gosta de problemas e não consegue viver sem eles. É claro que os problemas
existem e fazem parte de nossas vivências, mas não estou me referindo aos
verdadeiros, sobre os quais nada podemos fazer além de lidar com eles.
Refiro-me a inventar os desnecessários que tornam um inferno a própria vida e
também a dos que estão ao redor. Para os criadores de problemas, viver sem eles
é muito difícil, humanamente impossível. E sabe por quê? Porque não concebem
nada melhor para colocar no lugar desses percalços inventados. Funcionam como
uma distração, uma forma, mesmo infeliz, de passar o tempo. É um tipo de
ocupação com alguma adrenalina, sem a qual a vida lhes parece insossa. Mas
basta que um seja resolvido para que surja outro. E assim sucessivamente. Uma
tristeza sem fim. Sem essa vida periférica movida a problemas, o indivíduo vai
ter de se deparar consigo mesmo, ou seja, com o próprio vazio. Em seu centro,
não há nada. Por isso, considera melhor gastar energia com superficialidades e
dificuldades criadas em interminável sequência. Deparar-se com o centro vazio é
angustiante, no primeiro momento. Sempre que isso acontece, a tendência é
buscar alívio para a dor. E esse alívio está na periferia da vida, onde os
problemas se multiplicam à semelhança de ervas daninhas. Ou seja: as pessoas
preferem ser infelizes a enfrentar a realidade de seu próprio vazio. Todas as
vezes em que tentam fazer contato com o seu centro, elas sentem medo. O vazio
amedronta, de fato. É como um mergulho ao fundo do mar. Lá, a calma e o
silêncio parecem ser insuportáveis, e o ímpeto é retornar logo à superfície,
mesmo com todas tormentas que nela existem. O problema dos problemas é que essa
vida infértil afeta outras, também vazias, gerando um cortejo humano trágico,
capaz de gerar a impressão de que a vida é assim mesmo: uma sequência
interminável de problemas. Ocupadas com esse martírio, as pessoas não conseguem
preencher o seu centro com algo que possa tornar a vida mais fecunda: um
propósito. Somente um propósito pode transformar o "ter algo para
fazer" em "fazer algo que valha a pena". Como você tem vivido?
Valorizando adversidades e transformando-as em grandes problemas ou caminhando
rumo à realização de propósitos interessantes? Fazer algo que valha
verdadeiramente a pena é que torna a vida uma aventura fértil, que instiga,
revigora, ensina, fortalece e isenta de sofrimentos desnecessários.
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