As músicas de sucesso hoje, são abacaxis difíceis de serem descascados e não passam de estrumes invadindo tímpanos |
Como parte
destes Brasis, unificados pelo analfabetismo, pela falta de cultura e
enraizados na periferia ou nas regiões rurais desprivilegiadas de riqueza, sou
um ser sobrevivente. Expatriado e desfigurado da minha ingenuidade, me tornei
um espectro do que fui. Não são poucos os iguais a mim que perderam a fé nos
homens de bem. Muitos trocam suas crenças pelo dinheiro, rapidinho, da mesma
forma, desfigurados de sua ingenuidade. Porém, tolo é quem tenta enganar outro
tolo. O Brasil de hoje tem a cara maquilada. Aqui ou acolá existe matuto
esperto demais, falando de política com a mesma prática de quem trata uma
bicheira no lombo do jumento. Recentemente, sugeri a filha de um amigo insistir
com a diretora da escola do menino, para que esse repetisse o ano. Ela
respondeu que era proibido pelo Secretaria da Educação. A criança não pode
repetir, mesmo não estando ainda alfabetizada, que era o caso. Perguntei a mim
mesmo: O que será dessa geração que vive refém dessa lei? Para que o governo
precisa desse contingente de analfabetos funcionais? Mas a razão subestima o
que existe de melhor em cada um de nós: a nossa confiança. E pior do que perder
a crença nos outros é perder em si mesmo. O conhecimento é o que liberta o
homem de sua ignorância. O pecado original possui um viés lógico: se não
houvesse a desobediência, o homem continuaria a ser apenas um animal sem livre
arbítrio. E, finalmente, quantas orquestras e quantos músicos existem hoje nos
mesmos Brasis que ignoravam, como eu, a filarmônica euterpe, da Sociedade
Montepio dos Artistas de Itabuna? A Lei Rouanet, que surgiu no Brasil para
fomentar as artes, terminou por prevaricar também, em favor de alguns ídolos
populares, até se tornar vilã nas redes sociais. Dessa forma, a cultura em 2018
recolhe os cacos e recomeça de pires na mão. Quem não conhece a genuína música popular
brasileira de Caetano, Zé Ramalho, Bethania e Djavan, aprende fácil fácil Corpo
Sensual, de Pablo Vittar, e outras cositas do gênero. É disso que o povo
precisa, sobretudo num ano eleitoral. Aguardem os Showmícios!
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