A Embraer é nossa e não deve ser da
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O Brasil é um
país de maravilhosos contrastes. Começou a produzir aviões genuinamente
nacionais antes de automóveis, e essa inversão acabou por nos tornar destaque
em nível mundial. O ápice aconteceu com a criação da Empresa Brasileira de
Aeronáutica (Embraer) em 1969, hoje uma das maiores do planeta, fabricante de
aviões comerciais, agrícolas e militares, com um faturamento em 2016 de R$ 21,4
bilhões. Um orgulho agora ameaçado pelos conglomerados multinacionais: querem
comprar a Embraer. Para se ter uma ideia do grau de excelência da nossa
empresa, apenas um avião consegue pousar na pista do aeroporto da remota ilha
de Santa Helena, no Atlântico Sul, aquela do exílio de Napoleão. O governo
britânico gastou R$ 1,2 bilhão na obra para só depois descobrir que os ventos
de 90 km/h impediam o pouso de aeronaves. Mas eis que os engenheiros
brasileiros, resolveram o problema: E190, a única aeronave capaz de tocar o
solo da ilha. Inacreditável? Não, padrão nacional brasileiro. Fatos assim
despertaram a cobiça dos concorrentes, e, no momento, a Boeing, americana, quer
o controle acionário da Embraer, inclusive o setor militar, o que fere a
soberania nacional. Relutante no início, o governo brasileiro já admite a
fusão, o que é lastimável. Informações vazadas pela imprensa, apontam que, na
verdade, a empresa dos EUA está interessada no talento dos engenheiros
brasileiros. Não podemos nos calar diante desse descalabro. Aos poucos, o
governo tem relegado nossos interesses em prol de algo, até então,
inexplicável: desfigurar a nossa identidade. Eletrobras, Petrobras e, agora, a
Embraer estão sendo oferecidas numa espécie de leilão mesquinho e calculista.
Quem ganha com isso? Não o povo brasileiro. Nosso talento aeronáutico é hereditário.
Afinal, Santos Dumont é brasileiro. Desde o 14 bis, o mundo se rende à
inventividade brasileira. Foram anos de pesquisas para atingirmos o atual
estágio, mas o que deveria ser preservado, protegido, encontra-se sob ameaça.
Esse desmonte da engenharia é uma afronta à dedicação de profissionais
qualificados. Estamos perdendo pesquisadores para instituições estrangeiras
devido à falta de investimentos, contudo o que vem acontecendo com a Embraer é
grave, muito grave. Trata-se de um setor estratégico que não pode ser
abandonado à própria sorte. Cabe a nós resistirmos para que nossa altivez não
seja esmagada por interesses escusos.
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