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9 de janeiro de 2018

HÁ DE SE DAR UM BASTA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Ellen Cardosom ao perdoar seu agressor, pode está deixando de
ser "Moranguinho", para se oficializar como "Saco de Pancada"!
Em dezembro passado, o Brasil presenciou a história de "amor" do cantor Naldo e a bailarina, conhecida como Mulher Moranguinho. Segundo narrou a mulher, o relacionamento amoroso de sete anos foi de extrema violência doméstica. O funkeiro acabou respondendo por porte ilegal de arma de fogo e agressão. Foi preso e solto mediante o pagamento de fiança. A prefeitura do Rio de Janeiro cancelou a participação do cantor no Réveillon de Copacabana e a TV Record rescindiu o contrato em que ele participaria de um programa televisivo de grande audiência. A mulher ficou em dor emocional intensa, mesmo não sendo esse o primeiro ataque sofrido, buscando apoio junto a familiares, amigos e amigas. No dia dos fatos que originaram a busca por ajuda do poder público, a mulher foi agredida com garrafa, socos, chutes e puxões de cabelo, por ciúme. O cume da briga aconteceu quando o homem pegou o celular da esposa, enxergando situações que somente ele podia perceber. A mulher é proprietária de uma loja de roupas que anuncia também via Instagram. Em razão do comentário de um homem em uma das fotos na referida rede social, a violência foi a única solução encontrada para "ensinar" a amada. Ele apanhou o celular da esposa e quebrou, quebrando, ainda, o box do banheiro. Afinal de contas, se normalmente sempre tudo se resolvia com tapas, xingamentos, beliscões, quebra-quebra e empurrões, porque agora seria diferente? Quando a mulher resolve buscar ajuda, a sociedade toma conhecimento da real situação do casal. Acontece o chororô do agressor. No caso narrado, o cantor grava um vídeo tentando explicar o inexplicável. Chora, pede perdão, tenta se explicar, e se "queima" ainda mais. Em suas palavras, ele pede perdão a mulher. Jura que ama muito a esposa violentada por ele. Diz que está buscando se cuidar com profissionais. Mas não há vídeo ou carta que explique as agressões às mulheres. Tem sido muito comum, também, em caso de assédio sexual escancarado publicamente, explicações do agressor, como se houvesse elucidação suficiente para o episódio. No caso citado no início deste artigo, a esposa, mesmo após as lesões corporais que marcarão profundamente o seu corpo e alma, resolve voltar a viver maritalmente com o homem. Narrou que ele é para ela um filho, que precisa de tratamento. Para a vítima, apenas ela poderá "curá-lo", se sente responsável pelas atitudes dele. Em muitos momentos, as vítimas se culpam pela prisão do agressor. E em outros, eles a culpam pelas agressões. O ciclo da violência doméstica fica evidente. A tensão como primeiro estágio, onde as partes não conseguem manter contato. A explosão vem logo em seguida, quando os empurrões e lesões corporais ficam frequentes. Os homicídios acontecem na fase explosiva. A lua de mel fecha o ciclo, com perdões e promessas de jamais repetir os abusos. Este é um drama na vida de muitas mulheres. E estas não podem aceitar tamanho flagelo humanitário. Homens que espancam suas parceiras, devem compreender que acabou a ideologia patriarcal, que estruturava as relações sociais no Brasil Colônia e que, infelizmente, dava aos homens poder irrestrito sobre as mulheres. Isso disseminou entre os homens um sentimento de posse sobre o corpo feminino, atrelada à ideia de honra masculina. Cabia aos homens disciplinar e controlar os corpos femininos para garantir a ordem. A legislação do período colonial que permaneceu até o século XIX, permitia que o marido assassinasse a mulher em caso de adultério. Era facultado, aos pais e maridos, o enclausuramento forçado das esposas e filhas, e o recolhimento em ordens religiosas e sanatórios. Nascia assim no Brasil o lar como um lugar privilegiado para a prática da violência contra a mulher e seus filhos. E, infelizmente, em muitos lares, ainda vivemos no período do Brasil colonial.

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