Ninguém tem direito de te impor uma cor que não lhe convém! |
Nelson Mandela passou 27 anos preso, em represália pela sua luta
contra o Apartheid na África do Sul. Após deixar cadeia tornou-se presidente do
país. Todos esperavam que sua postura seria de retaliação, vingança contra os
brancos que por tanto tempo oprimiram o povo negro. Mas ele fez o inverso,
resolveu unir o país: “o perdão liberta a alma, faz desaparecer o medo. Como se
não bastasse, promoveu encontros entre vítimas e algozes naquilo que ficou
conhecido como a justiça restaurativa. Um exemplo para o mundo que resultou no
Nobel da Paz, em 1993. As pessoas, simplesmente, não estão sendo capazes de
ouvir, de respeitar opiniões contrárias. Erguem um muro para impedir que o
diálogo acabe por fazê-las tolerantes. Nas redes sociais, ideias extremistas
são exaltadas e qualquer contestação leva ao escárnio. Isso é preocupante num
ano em que vamos renovar o Congresso e eleger um novo presidente da República.
Como sairemos dessas eleições é uma incógnita, mas se desde agora não buscarmos
o caminho da tolerância, provavelmente estaremos fadados a ver a democracia
ruir. O Brasil sempre foi cordial, seu povo é exaltado por outras nações pela
simpatia. Como então estamos mergulhando numa espiral de ódio? Minorias
agredidas, gente sendo morta apenas por ser diferente, pensar diferente.
Manifestações reprimidas, professores escorraçados, mulheres acuadas pela sanha
machista, tudo em nome de uma pretensa purgação moral, como se um grupo
decidisse que liberdade, igualdade, fraternidade fossem coisas demoníacas. A
justiça restaurativa vem como um sopro de esperança nesse momento de desalento.
Por que a vingança e não o perdão? O exemplo de Nelson Mandela é a prova de que
não é vergonhoso perdoar. Isso ficou claro no filme Invictus, que mostrou
esforço que ele fez para levar os negros a torcerem por um time de rúgbi
formado, na maioria, por brancos. Era a seleção do país, não deveria haver
discriminação. Venceu, não porque impôs seu pensamento, mas porque foi
convincente. Precisamos disso no Brasil de hoje. Menos mortes e mais compaixão.
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