Quem fuma maconha fortalece os soldados de satanás! |
Há uma regra básica em economia: só existe
comércio se houver demanda pelo produto ofertado. Isso vale tanto para
alimentos, por exemplo, quanto para drogas. Itabuna tem mostrado a aplicação
desse princípio. O terror, os tiroteios frequentes, as mortes, as disputas
territoriais refletem o interesse perverso pelo controle de um negócio
altamente rentável. A age como a enxugar gelo. Sempre que um chefe do tráfico é
preso ou morto, outro imediatamente o sucede. Enquanto houver consumo, não
haverá maneira de neutralizar o comércio ilegal. Lá se vão muitos anos de
tráfico de drogas em Itabuna e a situação não mudou, agravou-se até. Enquanto muitos
jovens experimentam momentos de paz e união proporcionado pela música, nos
bares e boates da cidade, muita gente é detida por posse de entorpecentes e
ouvem discursos emocionados sobre o caos instalado na maior cidade do sul da
Bahia. “Isso tem que acabar”, dizem alguns; “não toleramos mais violência”,
dizem outros... mas ninguém faz referência ao consumo de drogas. É como se
houvesse uma dissociação imperceptível entre se drogar e não querer saber a
origem daquilo que está consumindo. As drogas consumidas financiam a compra das
armas que tocam a música do terror cotidiano em Itabuna. É necessário
estabelecer essa lógica, para pôr fim às manifestações hipócritas. Todo
trabalho feito para combater o tráfico será sempre nulo se o consumo continuar
aumentando, e não se iludam: a cada dia surgem novos consumidores. Como então
resolver esse problema? Conscientização parece ser a resposta. A imagem
disseminada de viciados consumindo drogas espalhados pelas ruas só em parte é
verdadeira. A grande maioria usa drogas por recreação. São pessoas normais, com
vidas estruturadas, que se indignam com a violência, que acham que bandido bom
é bandido morto, mas que não internalizaram o dilema de que o seu “lazer”
financia as armas, os assaltos, a prostituição... o crime. São pessoas que
reclamam das políticas públicas, dos programas sociais, do bolsa família, dos
pobres que, segundo eles, são os culpados por tudo. Em Itabuna, há uma
população honesta e trabalhadora, à mercê de facínoras sustentados por gente
que apregoa ideias de radicalização, de extermínio até. Isso sim, tem que
acabar.
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