Não há prosperidade sem educação |
Novo estudo da Unesco, lançado este mês, relaciona o aumento da escolarização
à redução da pobreza. Intitulado Reduzindo a pobreza global através do ensino
primário e secundário universal, o documento afirma que, se todos os adultos
tivessem tido acesso ao ensino médio, a pobreza mundial seria reduzida pela
metade. O estudo mostra que os países que têm uma renda mais elevada têm também
uma população mais instruída, com nível de educação formal mais elevado. O
relatório também aponta que a educação vai ter um efeito na economia por
diversas razões: em primeiro lugar, a educação vai melhorar as competências das
pessoas. Em segundo lugar, a educação vai melhorar a superação da população às
mudanças climáticas e aos desastres. Em terceiro lugar, o estudo mostra que as
mulheres com nível mais alto de educação formal vão cuidar melhor de seus
filhos e haverá uma diminuição de mortes por doenças contagiosas. Parece haver
consenso de que, sem investir na educação, o Brasil jamais será capaz de se
transformar num país desenvolvido. Será sempre um gigante deitado eternamente
em berço esplêndido. Há de se ressaltar, porém, que as políticas públicas para
reduzir a desigualdade por meio da educação são sempre de longo prazo, mas são
as únicas que garantem mobilidade social. Historicamente, a pirâmide
educacional sempre refletiu a pirâmide da estratificação social e econômica
brasileiras. Na disputa pelas oportunidades educacionais, os jovens das
famílias de maior poder aquisitivo levam grande vantagem. Não há dúvida de que,
nas últimas décadas, houve mais investimentos e políticas que garantiram, pelo
menos, a ampliação do número de crianças na sala de aula. Ganhamos na
quantidade, mas a qualidade ainda está longe do ideal. É preciso, pois,
concentrar recursos públicos no ensino básico, oferecer melhor formação e
melhores salários aos professores; investir nos polos universitários para a
área tecnológica; criar políticas de pesquisas acadêmicas voltadas para as
demandas de mercado; e aumentar o tempo de permanência dos estudantes na
escola. Para a Unesco, porém, o acesso à escolarização é um problema a ser
resolvido, mas também há a questão do conteúdo, que precisa ser mais inclusivo,
para abraçar a diversidade. A educação tem de ser transformada num instrumento
de inclusão.
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