Engana-se quem pensa, que só a corrupção afunda o Brasil |
Em 10 anos, segundo as
revelações dos delatores da Odebrecht, R$-10 bilhões dos nossos já minguados
recursos públicos escoaram pelos ralos da corrupção. Nada mais repugnante,
execrável e criminoso. Entretanto, quando comparado a outros dois joios, a
incompetência e a irresponsabilidade fiscal, os tais R$-10 bilhões se
assemelham a uma simples gorjeta. Se o déficit da nossa previdência
social, no ano de 2016, já devidamente contabilizados, foi de R$-151 bilhões,
se em 2017 estima-se que será de, no mínimo, R$-183 bilhões, e em 2018
ultrapassará a casa dos R$-200 bilhões, ainda que a nossa corrupção seja
reduzida a zero, nosso país não suportará tamanhas despesas, situação que se
agrava pela perspectiva de permanecerem constantes e crescentes. Outra comparação: tudo que a Odebrecht pagou
sob a forma de propina, ao longo de 10 anos, representa o déficit da nossa
previdência social em uma única quinzena. Eis a diferença entre a corrupção e a
irresponsabilidade fiscal: a primeira vem nos matando lentamente e a segundo
mais aceleradamente. Desta feita, reformar a nosso sistema
previdenciário é uma questão de vida ou morte, até porque, mantida como estar,
sua morte é certa, e não apenas o sistema sob responsabilidade da nossa própria
União, sim e também, a dos Estados e dos municípios que estabeleceram os seus
próprios sistemas previdenciários. O Estado do Rio de Janeiro já não mais vem
pagando com regularidade os seus aposentados e pensionistas. Ainda este ano,
diversos outros Estados da nossa federação terão o mesmo fim. Por
se tratar da mais difícil entre as tantas reformas constitucionais que haverão
de ser feitas, a da previdência social é, sem dúvidas, a mais desafiadora,
ainda que estivéssemos vivendo os melhores momentos da nossa história, o
que não é o nosso caso. Pelo contrário. Vivemos sim, os piores. E por
quê? Com sua popularidade, abaixo dos 10%, o presidente Michel Temer não
reúne as condições políticas para comandá-la, tampouco o nosso Congresso
Nacional, presentemente, submetido a um verdadeiro linchamento moral. Daí a
pergunta que não pode calar: resta-nos tão somente esperar pelo
caos? Se o que já está ruim ainda pode piorar, segundo a lei de
Murphy, neste particular, a nossa grande imprensa continua envenenando a nossa
opinião pública, levando-a a crer que a corrupção, por si só, é a causadora da
falência fiscal do nosso país. Se a incompetência e a
irresponsabilidade fiscal dos nossos gestores públicos não forem combatidas com
o mesmo rigor que a justiça, e em particular, à Operação Lava-Jato vem
combatendo corrupção, na melhor das hipóteses, e a curtíssimo prazo, seremos um
país miseravelmente falido, ainda que, essencialmente honesto.
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