Dória tem sido implacável contra as cracolãndia em São Paulo |
A Justiça de São
Paulo autorizou a gestão do prefeito João Doria (PSDB) a fazer busca e
apreensão de usuários de droga da região da Cracolândia para avaliação médica.
O juiz Emílio Migliano Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública, determinou, porém,
que a internação compulsória continue dependendo de aval do Judiciário para
cada caso, conforme prevê a legislação federal. Segundo o jornal O Estado de S.
Paulo a decisão judicial valerá apenas para dependentes químicos maiores de 18
anos da Cracolândia e adjacências. Eles poderão ser conduzidos à força por
agentes de saúde e do serviço social com acompanhamento da Guarda Civil
Metropolitana (GCM). O pedido foi feito na quarta-feira (24), pela Procuradoria-Geral do Município,
três dias após a operação policial que prendeu traficantes na Cracolândia e
dispersou os viciados na região. O promotor Arthur Pinto Filho, da área da
Saúde Pública, disse que o Ministério Público Estadual recorrerá ao Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJ-SP). Segundo ele, o pedido é "esdrúxulo",
"genérico" e "sugere uma caçada humana" a pessoas que vagam
pelas ruas. A Promotoria de Direitos Humanos classificou a medida como "um
retrocesso ao começo do século passado" e "uma afronta à lei
antimanicomial" de 2001. À Justiça, a gestão Doria pediu a "concessão
de tutela de urgência para busca e apreensão das pessoas em situação de
drogadição com a finalidade de avaliação pelas equipes multidisciplinares
(social, médica, assistencial) e, preenchidos os requisitos legais, internação
compulsória". Na petição, a Procuradoria justifica o pedido dizendo que a
ação realizada pela polícia na Cracolândia no último domingo (21) provocou
"dispersão de pessoas dependentes químicas pelo Centro da cidade e
região" e que "os novos fluxos impedem qualquer aproximação
assistencial porque o domínio desses locais continua com os traficantes".
A afirmação feita ao juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, contudo, é diferente
da divulgada publicamente por secretários da gestão Doria e pela assessoria do
prefeito à imprensa. "Antes da ação, os agentes da Prefeitura agiam sob a
ameaça de violência do tráfico. Agora, é possível abordar os usuários com mais
liberdade e melhores condições técnicas", afirmou a gestão em nota enviada
à imprensa na quinta-feira (25). Monitoramento feito pela Guarda Civil
Metropolitana (GCM) já identificou 25 pontos de concentração de usuários de
drogas egressos da Cracolândia. A maior delas fica a pouco metros do antigo
fluxo de viciados, na Praça Princesa Isabel, onde haviam cerca de 600
dependentes na madrugada de sexta-feira (26).
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