É digno o respeito por si próprio e o amar-se a si mesmo |
As convenções sociais nunca
deixaram de existir, de um modo ou de outro. Estabelecer códigos de conduta
sempre foi, mais que uma regra, uma necessidade de relacionamentos entre os
sujeitos da imensa “aldeia global” na qual estamos inseridos. Essas convenções,
regras, normas e até tabus, criados socialmente, servem para enquadrar fazeres
e dizeres, instituir certo e errado, consolidar sujeitos e sujeitos.
Normalmente, há uma aceitação conformada, mas, como todo maniqueísmo, há a
transgressão, há aqueles que não se encaixam. Muitas pessoas podem considerar
que as regras sociais não devam ser cumpridas, simplesmente por se sentirem
livres para agir de outra forma; assim como há quem considere tais atitudes
como transgressão gratuita. Em ambos os casos o que se vê é algo elementar
entrando em jogo: a liberdade. E o que é ser livre? Liberdade tem a ver com
desprendimento, com a compreensão das coisas a partir de um ponto de vista que
não julga, não aprisiona, não engessa. Os libertos, também chamados de
violadores, vivem em todo o tempo dando explicações, ou não, de seus
comportamentos ‘absurdos’ e ‘abusivos’ para aqueles que sem ouvir a música, os
julgam loucos por estarem dançando. As normatizações impostas pela sociedade
não cabem àqueles que não se docilizam. E liberdade, é inata, nasce com o
sujeito ou se constrói diante das resistências que são levantadas durante a
vida? O que se vê é cada vez mais pessoas indo de encontro àquilo que se chama
de convencional, talvez pelo desejo de dizer algo já dito, mas de forma
diferente. A sociedade do poder criou pessoas tão normatizadas que não percebem
que há vigilância até dentro de suas casas, que não veem em seu trabalho, em
sua escola, em seu lazer, indícios de regras que não permitem que cada uma seja
quem realmente é. O que vemos são pessoas normalizadas, enclausuradas,
coagidas. Talvez, liberdade tenha a ver, sim, com felicidade. Aquela felicidade
típica das pessoas que podem bater no peito e dizer que têm orgulho de serem
elas mesmas, sem riscos, sem medos, sem grades.
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