Por não saber ser, o indivíduo não está sabendo estar e o resultado disso é terrível |
Era
mais um corriqueiro feriadão num shopping de Salvador onde famílias passeavam.
De repente, tumulto e polícia. Esta lamentavelmente foi uma realidade de
violência onde jovens foram os protagonistas. No desdobrar dos acontecimentos
um vídeo, no qual eles são expostos um a um, circula nas redes sociais. O
fatídico acontecimento parece ter sido motivo da derrubada das fronteiras da
legalidade pelo desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. No
vídeo aparece um jovem outrora assistido por um projeto de inclusão social da
área de moda, o qual fora rechaçado por seus pais ao impedi-lo de continuar.
Uma tragédia moderna, um caso triste de um rapaz que teve o sonho de ser modelo
interrompido pela ignorância de pais sem leitura de mundo. Impediram-no de ser
reconhecido pelas passarelas, para tê-lo reconhecido como bandido. O jovem aqui
não é isento de qualquer culpabilidade por seus atos, pois cabe a ele “saber
ser e saber estar” para que a história contada sobre sua vida seja exemplo para
outros jovens e inspire o mundo. Ninguém reflete, de fato, o contexto social
destes jovens. Sobram “juízes” aptos para punir, configurando-se num verdadeiro
paralelo com aquela velha história de dois mil anos, a qual já não comove mais.
Porém, à noite estarão estes críticos em suas missas, em seus cultos,
professando sua fé com rezas a um Deus decepcionado com tanto desamor; um Deus
cansado que dá sinais de ter desistido de ressuscitar. Diante disto levanto uma
questão: são estes jovens culpados? Óbvio que sim! Mas não os únicos. Nesse
contexto, o estado é culpado porque se omite de seu objetivo básico de fomentar
espaços de protagonismo juventil. E, na contramão de países que saíram da
miséria pela força da educação, o Brasil coroa sua irresponsabilidade congelando
e desviando verbas da educação, realizando uma reforma do ensino que nivela por
baixo o jovem da periferia e negando-lhe acesso a saberes como Educação Física,
Sociologia, Artes e Filosofia. Certa vez, um autor disse que “se não
investirmos em escolas agora, no futuro faltará dinheiro para construir
presídios”. Este futuro já é uma realidade: sistema carcerário em crise! O
objetivo neste texto é mostrar que o grosso caldo desta situação de violência
recai sobre todos nós. Carecemos de mais escolas, menos prisões; necessitamos
de atitudes que determinem um futuro com mais homens e menos prisioneiros.
Afinal, com o crescente investimento em presídios, a mercadorização da massa
carcerária, o congelamento dos investimentos em educação é o jovem o único
culpado. Na verdade, agora somos todos culpados! E se não cuidarmos, seremos
todos prisioneiros!
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