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29 de abril de 2017

HÁ DE SE COMPREENDER O SABER SER E SABER ESTAR

Por não saber ser, o indivíduo não está sabendo estar e o resultado disso é terrível
Era mais um corriqueiro feriadão num shopping de Salvador onde famílias passeavam. De repente, tumulto e polícia. Esta lamentavelmente foi uma realidade de violência onde jovens foram os protagonistas. No desdobrar dos acontecimentos um vídeo, no qual eles são expostos um a um, circula nas redes sociais. O fatídico acontecimento parece ter sido motivo da derrubada das fronteiras da legalidade pelo desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. No vídeo aparece um jovem outrora assistido por um projeto de inclusão social da área de moda, o qual fora rechaçado por seus pais ao impedi-lo de continuar. Uma tragédia moderna, um caso triste de um rapaz que teve o sonho de ser modelo interrompido pela ignorância de pais sem leitura de mundo. Impediram-no de ser reconhecido pelas passarelas, para tê-lo reconhecido como bandido. O jovem aqui não é isento de qualquer culpabilidade por seus atos, pois cabe a ele “saber ser e saber estar” para que a história contada sobre sua vida seja exemplo para outros jovens e inspire o mundo. Ninguém reflete, de fato, o contexto social destes jovens. Sobram “juízes” aptos para punir, configurando-se num verdadeiro paralelo com aquela velha história de dois mil anos, a qual já não comove mais. Porém, à noite estarão estes críticos em suas missas, em seus cultos, professando sua fé com rezas a um Deus decepcionado com tanto desamor; um Deus cansado que dá sinais de ter desistido de ressuscitar. Diante disto levanto uma questão: são estes jovens culpados? Óbvio que sim! Mas não os únicos. Nesse contexto, o estado é culpado porque se omite de seu objetivo básico de fomentar espaços de protagonismo juventil. E, na contramão de países que saíram da miséria pela força da educação, o Brasil coroa sua irresponsabilidade congelando e desviando verbas da educação, realizando uma reforma do ensino que nivela por baixo o jovem da periferia e negando-lhe acesso a saberes como Educação Física, Sociologia, Artes e Filosofia. Certa vez, um autor disse que “se não investirmos em escolas agora, no futuro faltará dinheiro para construir presídios”. Este futuro já é uma realidade: sistema carcerário em crise! O objetivo neste texto é mostrar que o grosso caldo desta situação de violência recai sobre todos nós. Carecemos de mais escolas, menos prisões; necessitamos de atitudes que determinem um futuro com mais homens e menos prisioneiros. Afinal, com o crescente investimento em presídios, a mercadorização da massa carcerária, o congelamento dos investimentos em educação é o jovem o único culpado. Na verdade, agora somos todos culpados! E se não cuidarmos, seremos todos prisioneiros!

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