Brasileiros participaram de um assalto a carro-forte na Suíça |
Tradicionalmente, o dinheiro de
um crime no Brasil e que encontra um caminho para o exterior acaba em contas
secretas de paraísos fiscais, entre eles a Suíça. Apenas no caso da Operação
Lava Jato, os suíços já bloquearam mais de US$ 1 bilhão em contas
confidenciais, envolvendo propinas e dinheiro sujo de políticos, doleiros e
empresários. Um caso que chamou a atenção de procuradores europeus provou que o
contrário também pode acontecer. Em 30 de dezembro de 2015, um carro-forte foi
assaltado por um grupo de mascarados que conseguiu fugir com US$ 2 milhões. O
crime ocorreu em Bussigny-près-Lausanne, a pouco mais de 100 km da capital,
Berna. Nos dias seguintes, 15 pessoas foram detidas para interrogatórios. Parte
era de brasileiros. Agora, documentos da investigação obtidos pelo Estado
revelam como esses brasileiros tentaram esconder o dinheiro o enviando a contas
no Brasil. Os nomes dos envolvidos não foram revelados. Cinco meses depois do
assalto, em maio de 2016, a irmã de um dos envolvidos seria presa por
cumplicidade e por ter, ao lado do irmão, elaborado uma forma de lavagem de
dinheiro. Parte do dinheiro roubado teria sido levada para sua casa e, em
seguida, foi colocada em cofre alugado no Banque Cantonale Vaudoise. A outro
dos envolvidos no crime ela teria entregue pelo menos US$ 100 mil. Mas foi sua
estratégia de enviar ao dinheiro ao exterior que acabou sendo identificada.
"Ela teria executado várias transferências de dinheiro ao Brasil por meio
de diferentes intermediários, para depois centralizar o recebimento das
transferências", indica um dos documentos do Tribunal Penal Suíço.
"Ela teria comunicado a seu irmão o procedimento a ser tomado para a
abertura de uma conta bancária no Brasil", diz o documento. Apesar de um
decreto inicial de prisão por 3 meses, a brasileira continua detida. A justiça
suíça considera haver risco de fuga e, em especial, a possibilidade de ação
para apagar eventuais provas. Em fevereiro, a brasileira voltou a pedir
liberação para que pudesse aguardar o julgamento em liberdade, o que foi
recusado. Segundo as investigações, uma das pistas é de que o assalto tenha
sido facilitado por um dos funcionários da empresa do carro-forte, que passava
a informação ao grupo criminoso. Por Jamil Chade.
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