Afinal, o que entendemos sobre natureza? |
Não é pequeno nosso distanciamento da
natureza. E não há motivos para discordar deste fato. Por um tempo pensei que
fosse o avanço da tecnologia, com toda a sedução e atrativos que fornece a
baixo custo e pouco esforço, o responsável por isso. Também pensei que a grande
culpada fosse a mídia, divulgando paraísos naturais de difícil acesso para a
maior parcela da população. Porém, se pensarmos profundamente, os responsáveis
somos nós mesmos. Um dos primeiros fatores a serem analisados a respeito dessa
questão é se existe a possibilidade do contato com a natureza, seja apreciando
o céu em meio à cidade, fazendo uma trilha em um parque ou mergulhando em uma
cachoeira. Se isso tudo está disponível e a pessoa não busca maior proximidade
é porque ela tem desinteresse ou não aprendeu o quanto o contato com o ambiente
natural pode ser prazeroso para sua saúde física, mental e espiritual. Por
outro lado, também há o medo – de ser picada e mordida por animais ou de ser
roubada, por falta de segurança em lugares mais ermos. E, atualmente, pode-se
dizer que o medo é o maior responsável pelo afastamento das pessoas da
natureza. Além disso, no Brasil, o planejamento urbano carece de espaços para a
recreação familiar em contato com a natureza. Ainda há poucas praças e parques
disponíveis para o uso pela população, bem como hortas e jardins comunitários.
E o que pode ser feito para mudar isso? Os governos deveriam dedicar um pouco
mais de atenção e recursos financeiros para a criação de espaços de uso comum
onde a natureza esteja disponível. Isso vai acontecer quando alguém mostrar a
economia que os governantes podem ter evitando ausências do trabalho, pagamento
de tratamentos, remédios e internações por falta de contato com o ambiente
natural. As escolas também podem, aos poucos, retornar algumas aulas com
atividades físicas nas quais as crianças possam ser expostas ao sol. Já há
escolas nas quais essas atividades ao ar livre são feitas todos os dias e
contribuem para o nível de vitamina D das crianças. Outro caminho é usar com
mais frequência os locais públicos que são adequados para desenvolver
atividades ao ar livre. Usando a tecnologia a favor, é possível buscar áreas
com vegetação próximas as nossas residências ou trabalho para caminhar, por
exemplo. Se o local não for seguro, os vizinhos podem ajudar a exigir ações
para melhorar a segurança. As próximas férias também podem ser escolhidas não
com base no hotel mais confortável, mas sim onde a natureza esteja presente. Em
nosso dia a dia, o principal é não sucumbir à sedução da tecnologia que nos
afasta cada vez mais de nossa essência humana. Temos que descobrir um caminho
mais tentador que nos tire do trecho confortável que vai da poltrona até a
porta da geladeira e isso só depende de nós.
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