Tem gente que a melhor coisa que faz pe ficar em completo silêncio |
A
declaração de Bruno Júlio (PMDB), secretário nacional de Juventude, sobre o
massacre de 60 presos no presídio de Manaus (AM), de que “Tinha era que matar
mais. Tinha que fazer uma chacina por semana”, tornou insustentável a sua
permanência no cargo, que foi entregue a Michel Temer. É inacreditável, mas não
passa um dia sem que alguma autoridade dê uma opinião estapafúrdia sobre o
caso. Como José Melo, governador do Amazonas justificando as mortes, dizendo
que “não tinha nenhum santo”. Ou Michel Temer, presidente da República
afirmando que foi um “acidente pavoroso”. Na prática, todos sabem que, ao dizer
essas aberrações, externam o que uma boa parcela da população realmente pensa
sobre isso. Alguns, como Bruno, até parecem acreditar nisso. O ponto é que quem
ocupa um cargo público deve defender a lei e não fazer proselitismo com quem
não dá a mínima para ela. O Estado não pode e não deve agir com os mesmos
métodos de bandidos, mas também seus representantes não podem adotar discursos
que não passem pela proteção da dignidade humana. Abrir uma exceção a isso é
decretar a falência do Estado de direito. E, repito, isso não é defesa de
bandido, mas de nós mesmos. Porque, sem isso, será a regra do mais forte. Parte
da população, em momentos de comoção, feito uma horda desgovernada, pede
sangue. Afinal de contas, “aquele bando de bandidos não são seres humanos
porque desrespeitaram a lei”. E mesmo “os que não mataram ou estupraram,
matariam se pudessem”, não é mesmo? “Devem apodrecer por lá”. Tenho medo desse
ponto de vista porque é o mesmo de turbas ensandecidas, que ignoram a lei e
fazem Justiça por conta própria, não raro matando inocentes. E de uma população
com tanto medo de si mesma que acaba por ignorar as leis e se guiar por
discursos que prometem o impossível: garantir a paz promovendo a guerra. No
final das contas, essa guerra com ares de inquisição se estende a todos sem
exceção. Ou você está do lado deles ou contra eles.
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