As eleições de 2016 não foram favoráveis aos deuses do engodo |
Não há diferenciação entre as promessas que os políticos fazem em época de campanha eleitoral. O seu conteúdo, como se fosse obrigatório, segue os mesmos passos e se fundamenta em temas idênticos. Antes, proporcionavam lastros de esperança, uma convicção quase verídica de que o futuro nos cercaria dos melhores confortos possíveis. Valia a pena avistá-los nos palanques, ouvir os seus discursos eloquentes, acompanhá-los nas suas travessias, mesmo sem serem gravados os seus pronunciamentos ou impressos pelos recursos que a tecnologia oferece nos dias atuais. As palavras dos políticos eram verídicas, emocionantes e não deixavam rastros ou dúvidas. Os infiéis eram varridos do círculo a que pertenciam e apontados como nocivos à sociedade. Nunca mais seriam os mesmos se não cumprissem as promessas ou usassem de falcatruas. A honestidade contagiava os eleitores, a sinceridade dos seus pronunciamentos descartava a mentira que se ausentava dos seus compromissos de pessoas íntegras. Hoje, as promessas dos candidatos causam ira, desconforto e indignação ao observarmos que nada realizarão, tudo prosseguirá como antes, e a culpa é da verba que não veio ou dos adversários, que só sabem atrapalhar. Assim, o tempo se esvai e não foi suficiente. Iniciam simples repositores de mercadoria em supermercado e terminam cercados de bens incontáveis, desde mansões á beira da praia, apartamentos requintados, fazendas onde o pasto é mais do que suficiente para o gado, riqueza incalculável! A aparência transforma-se, tudo em si passa a condensar-se numa sofisticação ilimitada. Era uma vez um homem humilde, abraçando o próximo e lutando ao seu favor, sem segundas intenções. O ser humano seria mais feliz e realizado se soubesse exercer as suas atividades mediante a vocação que lhe fosse concedida. Uma série de pré-requisitos é imposta a cada determinação que possamos idealizar na vida. Se seguíssemos os passos que ao homem honesto são concedidos, não haveriam tamanhos desajustes. Tudo para o que nascemos e o nosso coração deseja sem negociarmos interesses fúteis, intenções maldosas, visando angariar vantagens supérfluas, indignas, que deturpam o caráter de pessoas que poderiam ser espelho. Assim, as nossas escolhas vão se tornando cada vez mais difíceis e as interrogativas geram desordem em nossa mente confusa, cheia de dúvidas que se alastram e vão se fixando cada vez mais num local oculto dentro do nosso eu. Nos dias de eleição, o que poderia ser um ato cívico motiva sacrifício, e enquanto nos dirigimos à zona eleitoral, com a mente indecisa, muitas vezes vamos interrogando: qual das teclas daquele aparelho será capaz de macular meus dedos?
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