Mudanças na lei Maria da Penha provoca controvérsias |
A Lei Maria da
Penha, que em agosto estará completando dez anos, poderá ser modificada por um
polêmico projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Apesar de avanços
como a previsão de que o atendimento às mulheres em situação de violência nas
delegacias seja feito preferencialmente por profissionais do sexo feminino, o
projeto divide opiniões de operadores do Direito e militantes de movimentos
sociais e feministas. O ponto mais polêmico é a introdução de um artigo que
confere à autoridade policial o poder de conceder ou não as medidas protetivas
de urgência. Atualmente, essa competência é exclusiva do Poder Judiciário. Os
defensores da proposta argumentam a necessidade de rapidez na concessão das
medidas para evitar novas agressões e risco de vida às vítimas. Dessa forma,
dar essa competência aos delegados seria uma forma de poupar o tempo do envio
do pedido à apreciação de um juiz, o que pode levar até 48 horas. Já os
críticos da mudança argumentam que, ao conferir competência jurisdicional a um
órgão do Poder Executivo, o projeto seria inconstitucional. Além disso, em sua
maioria, as polícias do País ainda estão despreparadas para lidar com a
violência de gênero. Muitas mulheres em situação de violência se queixam de que
não encontram acolhida e atenção a seu problema nas delegacias. Boa parte das
delegacias está sucateada, com insuficiência de servidores capacitados para
atuarem no atendimento à violência contra a mulher. Há casos de vítimas que não
conseguem sequer registrar Boletim de Ocorrência. Não há dúvidas de que a Lei
Maria da Penha foi a ação governamental que mais garantiu visibilidade ao crime
de violência doméstica contra a mulher. Sua existência também foi capaz de
impulsionar medidas estaduais e municipais no sentido de combater a violência,
pois atua na prevenção, no combate e na punição dos casos de violência. Apesar
dos problemas em sua implementação, tornou-se uma das leis mais conhecidas e
reforçadas pela população em geral. A lei é fruto de uma construção coletiva da
sociedade, num trabalho que durou dois anos. Por isso, qualquer mudança deve
ser bem debatida, especialmente com a participação das principais interessadas:
as mulheres.
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