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29 de maio de 2016

TOLERÂNCIA ZERO JÁ, A TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA

33 estupradores violentando uma garota, não pode ser um crime
sem punição exemplar e urgentemente aplicada
A notícia de um caso de estupro coletivo envolvendo uma adolescente de 16 anos numa favela do Rio de Janeiro causou comoção e revolta em vários setores da sociedade brasileira. Segundo a vítima, a agressão envolveu 33 homens. Cenas do crime foram divulgadas nas redes sociais, causando ainda mais revolta. O fato serviu para reabrir o debate sobre a banalização da violência contra a mulher e a existência de uma cultura do estupro no País. Segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são registrados a cada ano, uma média de 50 mil estupros no País. Os números incluem também os estupros de vulnerável, crime cometido contra menores de 14 anos. Entretanto, as próprias autoridades admitem que a subnotificação é extremamente elevada. Isso não é exclusividade do Brasil. Trata-se do crime que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo. Isso ocorre porque, embora não tenha culpa de nada, as vítimas se sentem envergonhadas e não querem se expor. Apesar das campanhas que incentivam as mulheres a prestar queixa e da criação de delegacias da mulher, muitos casos deixam de ser registrados. Para especialistas, esse tipo de crime mostra um lado bárbaro do País, pois se trataria de uma manifestação de aversão às mulheres e do machismo da sociedade e da visão patriarcal de muitos homens, que veem as mulheres como objetos que podem ser usados. Essa cultura do estupro se manifesta de forma mais ampla na culpabilização da vítima. Uma pesquisa do Ipea mostrou que 26% dos brasileiros concordam total ou parcialmente com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Para mudar essa situação é preciso, antes de tudo, tolerância zero a todas as formas de violência contra as mulheres. Isso, entretanto, não basta. Também é necessária uma mudança cultural. O fim da cultura do estupro não passa apenas pela punição rigorosa contra os criminosos. É preciso combater a banalização da violência, num trabalho que envolva a escola, a mídia e as famílias. A indignação não pode ficar apenas nas redes sociais.

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