33 estupradores violentando uma garota, não pode ser um crime sem punição exemplar e urgentemente aplicada |
A
notícia de um caso de estupro coletivo envolvendo uma adolescente de 16 anos
numa favela do Rio de Janeiro causou comoção e revolta em vários setores da
sociedade brasileira. Segundo a vítima, a agressão envolveu 33 homens. Cenas do
crime foram divulgadas nas redes sociais, causando ainda mais revolta. O fato
serviu para reabrir o debate sobre a banalização da violência contra a mulher e
a existência de uma cultura do estupro no País. Segundo os dados mais recentes
do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são registrados a cada ano, uma média
de 50 mil estupros no País. Os números incluem também os estupros de
vulnerável, crime cometido contra menores de 14 anos. Entretanto, as próprias
autoridades admitem que a subnotificação é extremamente elevada. Isso não é
exclusividade do Brasil. Trata-se do crime que apresenta a maior taxa de
subnotificação no mundo. Isso ocorre porque, embora não tenha culpa de nada, as
vítimas se sentem envergonhadas e não querem se expor. Apesar das campanhas que
incentivam as mulheres a prestar queixa e da criação de delegacias da mulher,
muitos casos deixam de ser registrados. Para especialistas, esse tipo de
crime mostra um lado bárbaro do País, pois se trataria de uma manifestação de aversão
às mulheres e do machismo da sociedade e da visão patriarcal de muitos homens,
que veem as mulheres como objetos que podem ser usados. Essa cultura do estupro
se manifesta de forma mais ampla na culpabilização da vítima. Uma pesquisa do
Ipea mostrou que 26% dos brasileiros concordam total ou parcialmente com a
afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser
atacadas”. Para mudar essa situação é preciso, antes de tudo, tolerância zero a
todas as formas de violência contra as mulheres. Isso, entretanto, não basta.
Também é necessária uma mudança cultural. O fim da cultura do estupro não passa
apenas pela punição rigorosa contra os criminosos. É preciso combater a
banalização da violência, num trabalho que envolva a escola, a mídia e as
famílias. A indignação não pode ficar apenas nas redes sociais.
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