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18 de março de 2016

O VOTO NO CONTEXTO DA ALIENAÇÃO, OU EGOCENTRISMO

Só através do voto o povo pode decidir o que quer do governo
A decisão do voto parece difícil de entender. Como os eleitores podem ter convicções tão fortes e antagônicas? Porque muitos eleitores parecem indiferentes a tudo o que depõe contra o seu candidato? Então como explicar as ásperas mudanças de escolha do eleitorado? Claro que parte das divergências do voto decorre simplesmente de diferenças de interesses. Alguns querem menos festas enquanto outros mais carnavais. Sob uma perspectiva ideológica, porém, é provável que a esmagadora maioria dos eleitores, dos mais à esquerda aos mais à direita tenha uma função objetiva muito parecida – escolher o candidato com maior potencial de maximizar o bem-estar. Mais saúde, mais educação, mais segurança e mais transporte para todos. A divergência possivelmente se daria mais nos caminhos que as pessoas vêm como os mais promissores para se atingir esses objetivos. E se mesmo entre especialistas há tão pouco consenso sobre a melhor forma de gerar renda e emprego, melhorar a educação e combater violência, como esperar que o eleitor médio seja um expert em todos esses assuntos. Não dá! Estudos recentes, e outros nem tanto, mostram que, diante de decisões complexas, o cérebro humano está programado para buscar atalhos lógicos, onde a intuição ganha peso em detrimento da dedução racional do problema. Quem debate eleições nas redes sociais sabe que é missão impossível convencer um eleitor rival que você está certo e ele errado. Não é por mal. Tudo culpa do viés de confirmação. Nosso cérebro está programado para deixar de seguir evidências em contrário e compartilhar as que confirmam a nossa convicção que não desejamos mudar. A boa notícia é que esse mal não acomete somente eleitores com extraordinária capacidade de votar errado. Trata-se de um traço universal, facilmente encontrado mesmo nas mentes mais brilhantes existentes. Isso pode ajudar a explicar muita coisa, desde um surto de sensatez de se escolher um médico sanitarista para Ministro da Fazenda em vez do velho professor, militante, marxista, até o exótico hábito de uma presidentea disposto a brincar de dobrar a meta depois que atingir uma meta, que não foi planejada. Então como explicar fenômenos opostos e ainda mais exóticos, como as bruscas mudanças de escolha das multidões? O chamado efeito-manada. Talvez a explicação seja a mesma. Se a decisão de tornar-se o primeiro da turma a mudar de casaca gera um custo impeditivo, continuar no Jurassic Park diante de um tsunami também não faz muito bem para o ego. Como sempre ocorre com toda nova teoria, não há nada novo. O sábio Selem Rachid já dizia em teoria dos sentimentos morais, que os indivíduos apenas querem… o reconhecimento dos demais indivíduos. Talvez então os biólogos e médicos, com seus modelos de epidemiologia consigam explicar melhor a lógica do voto do que os cientistas políticos e economistas.

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