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Câmara

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5 de setembro de 2015

NEM A MORTE VENCEU A LUTA DE UM ANJO ESTENDIDO NA PRAIA

POUCAS IMAGENS ME DOERAM TANTO QUANTO ESTA
A foto de um menininho de três anos de idade morto afogado e cuja foto comoveu o mundo, jamais sairá da lembrança dos que a viram. Ela retrata nossa incapacidade de sermos justos, nossa ignorância, nossa insensatez em esquecermos que somos civilizados. Alguns podem até lembrar que isso é terrível, mas que acontece sempre, até mesmo com nossas crianças nas ruas, e elas são tantas! Porém, não exime a nós como humanos e não justifica não sofrer pelo pai daquela criança que buscava um mundo melhor, uma vida digna, um futuro tranquilo. Mas, se há um fato que desperta nossa esperança é que aquele menininho não será jamais esquecido e sua passagem por aqui não foi em vão. De repente, diante de seu drama, dirigentes europeus mais insensíveis mudaram seus discursos e passaram a admitir o óbvio, ou seja, entenderam que é preciso abrigar essa gente desesperada que precisa de irmãos que os acolham. Aquele menininho, cujo nome não sei, é um exemplo de que o mundo, paradoxalmente, evoluiu. Se imaginarmos esta cena apenas há algumas centenas de anos atrás, ela não causaria a consternação de hoje, pois até o século dezenove crianças eram vistas como adultos que não cresceram e trabalhar pesado em lixões para ajudar em casa era fato comum. Hoje não temos como não nos horrorizar com o que vimos e isso é parte da evolução do mundo, mesmo que às vezes pensemos que as coisas estão pior. Aquele menininho morto na praia cumpriu a sua missão e deve estar nesse exato momento muito bem assistido e acompanhado, talvez até orgulhoso! Tenha certeza que atingiu seu objetivo e que nosso sofrimento é sinal da sua vitória, vitória sobre um mundo que às vezes precisa ser lembrado que a insensibilidade é um mal que nos atinge a todos e que precisamos ter sempre em nossos corações a oração da serenidade: “Senhor, concedei-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que eu posso e sabedoria para perceber a diferença.”

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