O governo investe muito mais em propaganda, que em segurança |
O governo
baiano tem anunciado que a criminalidade caiu no estado desde o início da nova
administração. As repercussões ao fato foram diversas. Alguns reagiram com
prudente incredibilidade, pois as estatísticas policiais na Bahia não têm a
mesma confiabilidade que os dados demográficos ainda preservam. A atitude mais
comum, contudo, foi o desdém. Pouco se falou a respeito nas ruas. Manifestações
populares de celebração ou de apoio não se viu. Quem hoje ouve o silencio da
sociedade baiana deve imaginar que o bandidismo nunca foi um problema por aqui,
que nunca houve revolta e protestos quando as coisas iam de mal a pior. Não se
trata, contudo, de ingratidão. A natureza humana é essa mesma, só dá valor ao
que é palpável. É por isso que as questões econômicas, sabidamente, é que
definem as eleições. Sabendo disso, e com a missão única de se perpetuar no
poder, o político brasileiro tradicional pouco investe em melhorias não concretas
de qualidade de vida, como saúde, educação, saneamento e segurança. “Poxa,
acordei me sentido super seguro hoje”, “Nossa, como minha rua está limpa”, “Que
incrível essa sensação de saber que, se um dia eu adoecer, serei bem atendido
no SUS”. Esses são alguns exemplos de frases que você nunca vai ouvir ninguém
dizendo. Só administradores públicos de cunho mais estadistas gastam suor e
dinheiro em coisas que em pouco tempo a população passa a ver como o novo
normal. O mínimo que podemos fazer como cidadãos é encorajar essas conquistas
civilizatórias, por menores que sejam. Não é com motos e TVs de plasma que vamos
construir um estado melhor. Números podem ser armadilhas, é sabido, mas eles
são a única forma de analisar objetivamente as questões relevantes. Sem eles,
ficamos a deriva no mar das ideologias e disputas partidárias.
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