Nenhuma lei barrará a liberdade que acontecem nos sentimentos |
Na
próxima quinta-feira, dia 24, a Câmara dos Deputados deve discutir e votar o Estatuto
da Família. A nova proposta manteve a principal polêmica: a definição de
família como união de um homem com uma mulher. O texto inclui também nesse
conceito a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos, mas
exclui casais homoafetivos. A
definição de família é importante no projeto porque o Estado teria de atuar no
sentido de oferecer uma proteção especial a esse tipo de agrupamento social. O
texto também cria Conselhos da Família, órgãos permanentes e autônomos, com
poder para auxiliar a elaboração de políticas públicas, além de acompanhar e
fiscalizar sua implementação. A
tramitação do estatuto tem sido marcada por muita polêmica e discussão. A
proposta tem o apoio de parlamentares religiosos, sobretudo evangélicos, em
maioria na comissão especial, mas é considerada inconstitucional por outros
deputados sob o argumento de que não contempla outros modelos de união. Para
os ativistas do movimento LGBT, o Estatuto da Família é inconstitucional,
discriminatório, excludente, homofóbico, machista e patriarcal. Eles lembram
que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2011, ampliou o
conceito de família, ao reconhecer a união homoafetiva e equipará-la em
direitos e obrigações à união estável entre o homem e a mulher. Já os defensores da proposta
atual – geralmente parlamentares das bancadas católica e evangélica –,
ressaltam que o Estatuto assegurará que a Constituição seja cumprida. O Artigo
226 da Carta Magna estabelece que a família deve ser protegida por ser a base
da sociedade e é dever do Estado cuidar dela. Eles acusam os contrários ao
projeto de se concentrarem apenas no Artigo 2, onde consta: “Define-se entidade
familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma
mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada
por qualquer dos pais e seus descendentes”. O fato é que a sociedade
brasileira, assim como inúmeras partes do mundo, é uma sociedade plural, com
arranjos familiares múltiplos. Ainda que o Poder Legislativo tente impor um
modelo, na prática os vínculos continuarão existir, mesmo sem a anuência do
Estado.
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