A economia de Bom Jesus da Lapa cresce com romeiros e turistas |
O que temos observado bem, aqui em Bom Jesus da Lapa, é que
os romeiros-turistas diferenciam-se dos romeiros tradicionais não apenas por
sua aparência, seu modo de vestir, sua postura, sua ideologia religiosa, sua
visão de mundo, mas sobretudo pelas estruturas de significados dentro das quais
inserem sua experiência. Para essa nova categoria de romeiros, a romaria em si,
com suas expressões de adoração, seu misticismo, sua religiosidade se torna uma
curiosidade ou um aspecto pitoresco a ser observado. Sua presença no santuário
se justificaria por razões que transcendem aquelas que mobilizariam os romeiros
tradicionais. Embora dentro do evento, procuram estabelecer uma exterioridade e
um distanciamento em relação à massa dos romeiros, fazendo emergir, desse modo,
um “nós” que se confronta com um “eles”. Essa tomada de distância simbólica,
que já vimos acontecer entre os moradores, aqui também trabalha no sentido de
transformar as facetas em contraste, na medida em toma as diferenças relativas
como se fossem absolutas. Quando perguntamos aos romeiros-turistas quais as
motivações que os levam a deslocar-se para a Lapa no período da romaria,
percorrendo centenas ou mesmo milhares de quilômetros em caminhões desconfortáveis;
seus carros particulares ou em ônibus, as respostas mais recorrentes são as de
que a romaria fornece-lhes uma ocasião ímpar para “admirar a fé do povo”. Ou
seja, já não se trata de peregrinar em busca de uma experiência pessoal, mas de
se colocar como um observador externo, na qualidade de turista, frente a uma
experiência vivenciada por outros e que se torna objeto de admiração. Os
romeiros turistas demarcam uma diferença que não se encontra apenas na ordem do
espaço ou do tempo, mas sobretudo na ordem social. Esta cobertura jornalística
conta com apoio da Prefeitura Municipal de Bom Jesus da Lapa, Granja São João,
Auto-Escola Regional, Casa do Mel, AETU e do deputado estadual Augusto Castro.
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