O prefeito Claudevane Leite criou uma
certeza nos últimos quinze meses. Está absolutamente convencido de que o fato
de ganhar eleições lhe dá, automaticamente, razão em tudo; não pensa, nunca,
que o eleito representa todos, e não apenas os que são a seu favor e pertencem
ao seu credo religiosa. Exatamente ao mesmo tempo, acha que quem discorda do
governo está errado por princípio. É como na religião ─ se você não tem a mesma
fé do vizinho, jamais pode ter razão em nada. É um herege que está desafiando a
vontade de Deus, e um inimigo que tem de ser relegado à insignificância e
descrédito. O problema é que existe aí uma séria encrenca com os fatos, essa
praga que só atrapalha o conforto das ideias prontas ─ o governo de Vane e seus profetas cururus, acreditam que a
imprensa e o catolicismo tem hereges demais. Fazer o quê? O diabo, além de
estar nos detalhes, está nos números. No caso das eleições para prefeito em 2012,
a última medição objetiva sobre quem está a favor e quem está contra o governo,
a aritmética prova que ninguém é muito maior que ninguém. Vane venceu o então
prefeito capitão Azevedo com 1.107 votos de diferença - infima vantagem; obviamente não dá para fazer
de conta que os votos do perdedor e dos seus aliados não existem. Junte-se a
este fato, a votação de pouco mais de 16 mil votos que obteve a petista Juçara
Feitosa. A esmagadora maioria desses votos advém dos católicos e não
evangélicos. Soma-se aí os espíritas, candombrezeiros e até ateus. Ficamos,
assim, na curiosa situação em que a maioria dos eleitores é considerada pelo
prefeito Claudevane Leite como inimiga da vontade popular ─ se não estão com a
gente, reza o seu evangelho, só podem estar do lado do mal.
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