NÃO SERÁ UMA LIMPEZINHA DE OCASIÃO QUE SALVARÁ O RIO CACHOEIRA

Nada como uma boa polêmica para atiçar causas sob o risco da banalização. Às vezes basta um olhar “clínico” para identificar absurdos que existem em Itabuna e que, de tão vistos pelos itabunenses a estes parece coisa vencida, batalha perdida. Este é o caso dos fétidos, imundos e malfadados canais, cujo nome deveria ser, no mínimo, “línguas de esgoto”, por toda sujeira que despejam no Rio Cachoeira. Esses canais de fezes e outros dejetos que teimam em poluir o Rio Cachoeira se multiplicam em função da densidade urbana e do descaso governamental. Quanto mais residências perto do rio mais e maiores “línguas podres” serpenteiam, imundas, pelas margens do moribundo Rio Cachoeira. Não é de hoje que todos sabem o que são as tais “línguas podres”: esgoto residencial e industrial irregularmente ligado à rede de esgotamento pluvial. Essa gambiarra é feita com o povo pagando a taxa de saneamento da Emasa; e daí fezes, urina e demais dejetos domésticos são jogados, in natura, nos dutos coletores de água da chuva e estes, por sua vez, candidamente despejam-se no rio. Simples assim. Verdade é que os órgãos públicos nem tentam combater essa prática nociva em Itabuna. A própria Emasa é responsável por esse tipo de malfeito e sempre alega está agenciando medidas de enfrentamento, com ressalvas de ações que esbarram na burocracia e em visões equivocadas dos direitos legais e da já calejada falta de recursos. O pior é que a população e os poderes públicos foram se acostumando a absurdo tão vergonhoso. Quem sabe, a própria fedentina e proliferação de insetos e animais peçonhentos causados pela poluição do rio possam fazer as autoridades locais caírem em si e irem além de uma limpezinha de ocasião.