A MORTE DE UM VEREADOR, NÃO DEVE MATAR SUA CAUSA

A violência assusta o sul da Bahia. Buerarema ardia num conflito entre supostos índios e fazendeiros. E Uruçuca vira notícia nacional, com o assassinato do vereador Valmary Alves (PP), que foi assassinado na noite de ontem, segunda-feira, dia 19, ao ser abordado por um homem quando  saía da Câmara legislativa daquela cidade. O vereador ainda correu, mas foi perseguido e executado dentro Câmara, na frente de funcionários e vereadores. Ninguém sabe quem o matou e, consequentemente, quais os motivos. O medo é que o crime não se torne em mais um caso de impunidade. Se a impunidade reina, ela é ainda mais grave no caso dos assassinatos de um vereador, que, paradoxalmente, acabara de atuar numa seção sobre a violência em sua cidade. A cada ano, centenas de militantes dos direitos humanos são vítimas de violência – muitos acabam assassinados – por estarem lutando por direitos expressos na Constituição. Infelizmente, ao se omitir e não agir objetivando não permitir que essa rotina siga impune, nosso governo estadual permite que a nossa região cacaueira permaneça tendo disputas decididas a bala. Isso porque o assassinato do vereador Valmary Alves, não é só a morte de um militante político; é um pouco a tentativa da morte da causa que ele defendia Seu intuito é refrear a demanda legitima de um grupo representado por Valmary. São os chamados defensores de direitos, ou militantes de movimentos sociais. Não são poucas as ocorrências de militantes políticos assassinados somente na região cacaueira. Para cada caso, um resumo, para cada resumo uma nova impunidade. São casos ocorridos em diferentes contextos – sindicalistas, sem-terras, militantes, jornalistas, radialistas – dando especial atenção à lentidão judicial e à impunidade que acaba unindo todos eles num único drama. Está na hora de ampliar esse grito de indignação. Queremos que o grito de basta à violência se espalhe bem mais do que seria possível no formato de indignação e que esse debate encontre espaço nos mais diferentes cantos possíveis. Por isso, como militante dos direitos humanos, constantemente ameaçado e agredido, moral e fisicamente, peço: exijamos já mais empenho dos governantes, para que tenhamos uma região menos vulnerável e tão judiada e violentada. E comecemos exigindo punição aos criminosos. Dá para acabar com esse ciclo de impunidade sim, desde que haja genuína disposição. A impunidade aos que matam quem defende direitos não pode mais ser um dado “óbvio”. Isso tem que acabar e logo!