Depois da ofensiva que fiscalizou boates e casas de
show em Itabuna, logo deverá ser a vez de grandes clubes sociais. Espaços
tradicionais, alguns que existem há décadas, devem ser fechados caso estejam em
desacordo com normas gerais de funcionamento – principalmente, no quesito
segurança. A tragédia de Santa Maria (RS) conseguiu algo
jamais visto Brasil afora. Praticamente todas as cidades saíram em campo com
uma só preocupação: verificar as condições de funcionamento desses locais de
grande aglomeração. O resultado dessa iniciativa, como seria inteiramente
previsível, revela, de início, que a regra é desobedecer, descumprir princípios
básicos para o funcionamento dos estabelecimentos. A fiscalização é incipiente
e, em algumas situações, é realizada com certo amadorismo – quando não,
tratando de emplacar interesses apenas subalternos. No Rio Grande do Sul mesmo,
a boate Kiss havia contratado, antes do incêndio, uma empresa para correção de
instalação elétrica ou algo assim. A empresa foi contratada por orientação de
policiais dos Bombeiros que constataram problemas na Kiss. O detalhe tenebroso
é que a tal empresa tem como sócio justamente um dos oficiais do CB gaúcho. Na
onda de caça às irregularidades – de qualquer dimensão –, queremos ver
poderosos respondendo pelos crimes que eventualmente cometerem. Até agora, no
entanto, as investigações sobre a boate atingida pelo fogo pesam sobre dois
sócios e os integrantes da banda que se apresentava naquela noite de sábado,
madrugada de um domingo. Não que sejam bodes expiatórios no meio de uma
tragédia. Mas parece pouco apontar culpados, sem achar problemas com as
autoridades cuja obrigação era a de fiscalizar. Espera-se que a fiscalização
não venha a acabar rapidamente, logo depois que a imprensa parar de falar sobre
Santa Maria, incêndio e mais de duas centenas de mortos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.