Em pleno domingo, o Brasil acordou com a notícia de
um verdadeiro pesadelo. Um incêndio numa boate no município de Santa Maria, no
Rio Grande do Sul, matara mais de 200 pessoas. Com números atualizados,
chegou-se a 235 vítimas fatais. Desde então, perplexo, o País parece se
perguntar como algo dessas dimensões pode ter ocorrido. Os mortos eram jovens,
muitos não haviam chegado aos 20 anos. Casais de namorados, irmãos, parentes,
amigos – em grupos ou na companhia de mais alguém, todos estavam lá para uma
noite de diversão, num lugar com fama de animação garantida. Mas um conjunto de
erros baniu a alegria e instalou uma das maiores tragédias já vistas no Brasil.
Até hoje, o acidente com um número maior de mortes foi o que ocorreu há mais de
50 anos, no incêndio de um circo no Rio de Janeiro. O impacto da notícia sobre
os fatos no Sul foi tão forte que no País inteiro houve reações concretas: como
está a segurança de nossas casas de eventos? Todos se perguntaram isso, com
certo temor de que a resposta seja a óbvia. É claro que há fartos exemplos de estabelecimentos
em pleno funcionamento, mas sem obedecer às regras elementares previstas em
códigos e legislações. Hoje, a comoção exige que autoridades venham a público
para dar explicações e mostrar serviço. Mas não se sabe como estarão as coisas
daqui a pouco tempo, quando as imagens dramáticas de Santa Maria perderem força
na memória. A busca fácil pelo lucro, o tal jeitinho para obter tudo pela lei
do menor esforço – eis um lado da moeda; a negligência e o descaso da esfera
pública – eis o componente que se junta ao primeiro para a receita da morte. Diante
do sentimento de perda, do luto e da solidariedade aos parentes dos mortos, que
o Brasil mude essa tradição.
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