Este ano de 2012 será lembrado
como o marco da virada ética no combate à corrupção. Primeiramente, tivemos o
julgamento do escandaloso caso do mensalão, capitaneado pelo partido dos
trabalhadores (PT) e seus aliados. Em segundo lugar, podemos ver a aplicação da
Lei da Ficha Limpa. Em muitos municípios do nosso País, inclusive do nosso
Estado, talvez muitos dos eleitos no último pleito não assumam seus cargos no
próximo 1º de janeiro, caso tenham suas candidaturas impugnadas, e,
consequentemente, os votos anulados. Ambas as notícias anunciam tempos melhores
no campo da ética no trato com a coisa pública. No entanto, embora anunciem
tempos novos, a aplicação da Lei da Ficha Limpa traz à tona algumas reflexões.
Por que tantas pessoas consideradas fichas-sujas conseguiram eleger-se ou
reeleger-se? Infelizmente, ainda há na nossa cultura uma divergência muito
grande entre aquilo que se crê e aquilo que se vive no âmbito público. Nossa
população é majoritariamente cristã. O que se esperaria de um eleitorado assim?
Exigências éticas sérias, tendo como consequência a rejeição a todo tipo de
candidato que tivesse feito mau uso daquilo que deveria ser utilizado para
promover o bem de todos. Esse descordo entre fé e vida pública faz também as
eleições municipais terem características bem peculiares, excetuando-se a
disputa eleitoral nas capitais. Nas cidades, os eleitores, em sua maioria ainda
votam pelos benefícios pessoais que irão usufruir, caso seu candidato vença.
Não importa quem ele seja ou o que tenha feito, o importante é o que se ganha
pessoalmente com a sua vitória. Se o meliante for um ficha-suja, por causa do
benefício de alguns, todos sofrerão durante quatro, ou quem sabe, oito anos. Na
tradição cristã, aprendemos que para sermos salvos, é necessário nos convertermos
a Cristo, viver uma vida nova em todas as dimensões e em todos os âmbitos:
pessoal e social. O problema é quando chegam as eleições, principalmente as
municipais. O desejo de ter, de garantir coisas fala mais alto, e a promoção do
bem de todos é posta de lado. A aplicação de leis como a ficha limpa é um
avanço. Mas, antes dela, a conversão radical ao cristianismo na esfera pública
é um avanço ainda maior e fundamental.
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