Itabuna não
é caso isolado da necessidade de transferência de presidiários para plagas
longínquas. A comunicabilidade entre presos e seus grupos de comandados é um
problema que, em muito, antecede aos tempos contemporâneos e todas as vantagens
dos modernos instrumentos de telefonia móvel. Nos séculos precedentes a troca
de correspondências, escritas e circuladas através das formas mais criativas
inspiraram várias obras literárias. A telefonia celular e demais parafernálias
comunicantes dos nossos dias atuais, apenas tornam mais fácil burlar o controle
das autoridades prisionais. Mas, repetimos: o funcionamento dos presídios como
epicentros de comando, exportando (e importando) orientações, é coisa muito
antiga. No passado, ilhas foram tentadas como forma de controle das
comunicações e redução de fugas. No Brasil, assinalam-se experiências de navios
prisões e maior rigidez no controle das visitações aos encarcerados. Nenhuma
dessas experiências pode ser considerada positiva. Todas produziram histórias
tenebrosas. Nos dias em curso, ainda é cedo para uma avaliação consubstanciada
do processo de transferência de presidiários, agora remetidos via aérea para
presídios distantes de suas “bases”. Está sendo fácil suspeitar de que tal
movimentação apenas provoca curtas interrupções nas redes de comunicação e
comando do crime organizado. O caso mais conhecido desse espalhar de
“escritórios” seria as paradas do notório Fernandinho Beira-Mar. Essa política
de mudança de endereço é um paliativo para os grandes problemas do sistema
prisional, no qual a construção de presídios batizados como “de segurança
máxima” tem sido apenas sinônimo de gastos máximos em obras duvidosas e onde o
apenado é premiado com 100% do tempo ocioso, livre para pensar, articular e
encaminhar o que bem entender e devidamente sustentado pelo dinheiro público.
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