CRIANÇA QUE BRINCA É MAIS FELIZ E, CERTAMENTE, SERÁ UM ADULTO MELHOR

As crianças habitam um momento da vida de todas as pessoas denominada Infância. Em cada etapa da história da humanidade a Infância e as crianças foram compreendidas de formas distintas: em algumas ocasiões com maior visibilidade quanto às suas características e, em outras, com certa invisibilidade. Nos tempos atuais, após muitas conquistas de diferentes setores da sociedade, as crianças passaram a ser entendidas como atores sociais e sujeitos de direitos. No entanto, algumas conquistas ainda estão em curso. Percebe-se um encurtamento da infância e o excesso de expectativas dos adultos sobre a vida das crianças, tais como a alfabetização precoce, o desenvolvimento de talentos artísticos e o aprendizado de uma língua estrangeira. Assim, muitas são submetidas a rotinas de atividades tipicamente adultas. O brincar é um direito garantido por lei a todas as crianças. É fundamental que os adultos garantam esse direito e reflitam que, por meio do brincar, elas se expressam, interagem, ampliam seu potencial, fazem descobertas, inventam, e aprendem. Um sinal de alerta é quando elas verbalizam que gostariam de ter mais tempo para brincar e que os momentos que mais gostam na escola são o recreio e as atividades onde o lúdico e o movimento são privilegiados. Na contemporaneidade, o consumo se fortalece e as crianças são vistas pela publicidade com forte potencial para influenciar as escolhas das famílias. É preciso que os adultos reflitam sobre alternativas de brinquedos que não tenham o consumo como objetivo. A mudança nas formas do brincar e na característica dos brinquedos, em certa medida, é consequência do avanço da tecnologia que seduz cada vez mais as crianças em preferir equipamentos eletrônicos como o computador e o videogame. Ao ficar somente com essas opções, pode ocorrer a falta de interação, o desinteresse das mesmas por brinquedos tradicionais e a existência de brinquedos que podem trazer uma idéia estereotipada do que são brincadeiras para meninos e meninas, pautados em modelos de cores e de pessoas, em geral bonecas de pele branca com cabelos louros. Nesse sentido, o papel da família e da escola é o de buscar outras formas de organização dos tempos para o brincar, com momentos amplos e livres, onde as crianças interajam entre si e com os adultos, optando por propostas mais atrativas e incentivando o contato e interesse por materiais diversos. Viver a(s) Infância(s) e ser feliz implica em ter mais momentos para brincar sozinho ou com seus pares, brincar por inteiro, vivenciando novas experiências, e sentindo-se livre para criar.