Apesar de assustadoras, não são surpreendentes as ameaças emitidas de dentro do sistema prisional baiano. Não se trata de problema local, pois essa tragédia é, incontestavelmente, característica internacional, com detalhes escabrosos no âmbito nacional. O fato novo é tão somente uma sociedade inteira sendo ameaçado, pessoalmente, pelas gangues que atuam de dentro para fora das grades. Há muito tempo, os presídios brasileiros (e de boa parte do mundo) converteram-se em centros de irradiação do crime. Os modernos meios de comunicação pessoal, via celulares, muito ajudaram a multiplicar o papel de oficina de crimes que as celas desempenhavam, desde antigas eras, para os poderosos chefões. De dentro da cadeia emitem-se ordens, para dentro das celas são repassadas informações detalhadas e todo esse processo sempre contou com a corrupção como elemento essencial. Nenhuma novidade também pode ser atestada num sistema no qual seres experimentados na prática criminosa são guardados, amontoados, 24 horas, por dias a perder de vista, sem ter nada o que fazer, sem gastarem uma caloria sequer em qualquer atividade supervisionada pela autoridade responsável por sua guarda. Armas, drogas e celulares são fartamente contrabandeados e o modo de vida interno é controlado pelos apenados. Vozes “humanitárias”, do lado de fora, não se cansam em berrar pela ampliação dos favores aos aprisionados e até as vistorias íntimas são duramente criticadas (mesmo sendo pública e notória a utilização do próprio corpo como meio de transporte de objetos). Sem nada para fazer o tempo todo, com o perfeito funcionamento de uma rede de contrabando, tendo os meios mais modernos de telefonia à sua disposição, o que menos pode fazer um criminoso – por mais desorganizado que seja? Cabe ao Estado, aos poderes públicos, o devido reconhecimento desta realidade. Em seguida, sabendo oficialmente o que todos sabem, as autoridades estão chamadas, com urgência urgentíssima, a tomarem alguma atitude além de reforçar suas próprias seguranças pessoais.
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