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Trief

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2 de agosto de 2012

MACUNAÍMA I OU, “O TERCEIRO MANDATO” DEROBÉRIO OLIVEIRA

José Robério Batista de Oliveira tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para Ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira profissional e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque não temos ainda uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do prefeito ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 8 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política. Quando apareceu para a vida pública em 2003 na rádio FM 98,5, Ele desprezou todo o passado de lutas de Eunápolis ao longo de sua história. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com Ele. Antes Dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória de todas as pessoas que corajosamente enfrentaram os donos de terras, os pistoleiros e a violência arbitrária do Estado desde a ditadura até o período do carlismo na Bahia: Alcides Lacerda, Lucas Reis, Arnaldo Moura Guerrieri, Amós Bispo Pereira, Claudionor Nunes do Nascimento, Cherubino José de Souza, Roberto Martins, Lucas Leite (contra quem tramou a perda do mandato), Iracy Reis, Jota Batista (a quem perseguiu e tirou o mandato), e a própria Maria Menezes, que segundo consta, é refém de um artifício que comprovaria desvio de verba, porque gastou recursos da secretaria de Assistência Social sem dispor de dotação orçamentária. No campo propriamente da política, a eleição, de Alcides Lacerda, prefeito de Porto Seguro, quando Eunápolis era somente um distrito, foi irrelevante. Isso porque teria sido Robério o primeiro dirigente autêntico dos “pés no chão”. Ele é quem genuinamente representa o povo, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de algumas eminências pardas do estafe político e outros pseudo-intelectuais, que o aplaudem e que reforçam a construção e divulgação dessa imagem - em elemento divisor da História de Eunápolis. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse na prefeitura. 2005 seria o ano 1 da História de Eunápolis. Assim também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão. Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante a Segunda Guerra Mundial: “minta, minta sempre que a mentira repetida se torna verdade”. Durante oito anos isso foi propagado nas escolas, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo Nele é perfeito. Robério vê o que nós não vemos, pensa muito à frente do que qualquer cidadão e tem a solução para os problemas mundiais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida. Num país sempre à espera de um salvador, Robério é a sua mais perfeita criação. Aliás, criação de Lourival Vieira Jácome e Jota Batista, diga-se de passagem, mas como na mitologia a criatura voltou-se contra o criador. O homem do trio virou a mais exuberante expressão da política local e quem o ofusca Ele elimina sem piedade. Como um César da Roma antiga Ele se deleita com as saudações da plebe ignara: “Ave César, os que vão morrer te saúdam!”. E Ele adora desempenhar esse papel. Como César Augusto, inventou a política do “pão e circo”, mas esqueceu o primeiro. A pobreza se alastra pela cidade, mas se diverte no Pedrão. O Imperador Robério do Axé I sempre desprezou a política. Se Ele é o salvador, para quê política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos criados nas cozinhas de Gediel Sepulvida Pereira, Ramos Neto, Paulo Dapé e Geraldo Scaramussa - e nas hostes de esquerda, aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detém o prestígio é Robério. Todos os políticos, quase sem exceção, têm de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminam baixinho suas críticas. E a vida vai seguindo. Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a Ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque opera em torno uma depressão profunda”. Destacou-se à frente da cidade sem avançar - porque é Eunápolis quem recua, pelo poder do crack e do revólver, abandonando o traçado superior das suas tradições. Agora sonha em permanecer no poder. Indicou a mulher candidata a prefeita de Porto Seguro, queria o irmão em Cabrália, onde hoje tem um cunhado candidato a vice. Apoia amigos em Belmonte e outros em Itabela e Itagimirim. Quer ser vice-governador na chapa indicada por Jacques Wagner daqui há dois anos. Mas o custo político disso tudo é alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída ao seu disciplinado discípulo. Quer inventar um tipo de prefeitura dual. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, e Macunaíma administrando em Eunápolis “fazendo tudo que seu mestre mandar”, enquanto Ele, em Salvador, bajula o poder em busca do apoio do governador. E Ele (logo teremos de nos referir a Robério dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2013. Falou que não vai deixar. Como se a vontade do povo de Eunápolis fosse um brinquedo em suas mãos. Mas será que Ele está errado? (Rose Marie Galvão - jornalista).

2 comentários:

  1. Não consigo compreender a omissão do Ministério Público e a apatia da Justiça, diante de tanta corrupção existente na Prefeitura de Eunápolis. Só resta ao povo dar resposta nas urnas e fazer nossa cidade se livrar dessas aves de rapina! Humberto Campos da Silva Jr.

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  2. É a vez da mulher: Cordélia para que as famílias seja felizes e Eunapolis mais humana e mais próspera.
    Andréia Sabóia

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