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31 de janeiro de 2012

SALVE ELIANA CALMON, A JUSTIÇA AGRADECE

A melhor notícia de 2012 até agora é a mesma de 2011: apareceu alguém com coragem para abrir a caixa-preta da Justiça brasileira e acabar com a impunidade dos meritíssimos que se julgam acima da lei. Colocada na parede pelo corporativismo das associações de magistrados e por alguns membros do Supremo Tribunal Federal, no final do ano passado, a ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, não esperou muito tempo para voltar à luta e dar a sua resposta. Antes da segunda semana do ano chegar ao final, ela encaminhou relatório ao Supremo Tribunal Federal, em resposta às informações solicitadas em dezembro pelo ministro Ricardo Lewandowski ao suspender as investigações da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça. Calmon anexou ao relatório os resultados do rastreamento feito pelo Coaf, orgão de inteligência do Ministério da Fazenda, que descobriu R$ 856 milhões em "operações financeiras atípicas" (R$ 274 milhões em dinheiro vivo) feitas por 3.426 juízes e servidores no período entre 2000 e 2010. Está explicado o motivo da revolta de alguns setores do Judiciário, especialmente em São Paulo, por onde começou a fiscalização, contra a corregedora Eliana Calmon, que no ano passado denunciou a existência de "bandidos de toga" e foi acusada por uma quebra generalizada de sigilos fiscal e bancário, o que ela nega veementemente em seu relatório de 46 páginas e nove anexos. Só nesta quinta-feira, no mesmo dia em que a Corregedoria Nacional de Justiça divulgou que 45% dos magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo não entregaram suas declarações de renda e de bens de 2009 e 2010, o novo presidente do TJ-SP, Ivan Sartori, deu um prazo de 30 dias para que todos cumpram a lei. O levantamento do Coaf começou a ser feito em 2010, quando a baiana Eliana Calmon Alves, 67 anos, assumiu a corregedoria nacional do CNJ (seu mandato vai até setembro deste ano). Foram pesquisados os nomes de 216 mil servidores. No relatorio entregue ao STF, a corregedora deixa claro que "atipicidade" não significa crime ou irregularidade, mas a necessidade de dar sequência às investigações sobre as movimentações financeiras destes magistrados. "Não há nada de incomum ou extravagante na fiscalização (...). Alguns tribunais, em especial os estaduais, não observavam o cumprimento de preceitos fundamentais, diversamente dos demais tribunais (federais e trabalhistas)", justificou a ministra. Agora, quando os onze membros do STF voltarem das férias, em fevereiro, e forem julgar a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, após a última sessão da Corte em 2011, praticamente suspendendo as atividades da corregedoria, eles terão novas informações para o julgamento definitivo sobre as atribuições do Conselho Nacional de Justiça. A depender desta decisão, a absoluta maioria dos magistrados brasileiros certamente agradecerá à competente e destemida ministra Eliana Calmon, símbolo da brava gente brasileira, pelo resgate da imagem do Judiciário, abalada ultimamente pela denúncia de malfeitos diversos, defesa de privilégios e irregularidades na concessão de benefícios. Salve Eliana Calmon, a Justiça brasileira agradece a sua coragem.

3 comentários:

  1. Nelson Monteiro02 fevereiro, 2012

    A criação do CNJ foi a melhor coisa do governo, mas, concomitantemente, ele deveria ter extino as inúteis e corporativas corregedorias de justiça.
    Os "deuses" do judiciaário querem ser intocáveis e fazer o que bem entendem, mesmo sendo atos criminosos.

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  2. Val Cabral, os juizes não aceitam ser investigados em hipótese alguma, é o que dá a entender, logo se manifestaram a dizer que é uma violação... quem deve teme. Juscelino Barbosa

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  3. Prezado amigo Val Cabral

    Muito digna essa senhora baiana. Depois de suas denúncias sobre bandidos de toga e muita pressão de desembargadores e ministros do judiciário agora se confirmando sobre movimentação de bilhões então ela seria uma ótima candidata a dirigir nosso querido país para que em pouco tempo cheguemos a ser a maior e mais rica potência do mundo, temos petróleo, minério, 3 safras por ano sem neve, terremotos, 7 mil quilômetros de mar e rios em abundância enfim celeiro do mundo, temos também políticos e dirigentes ladrões um judiciário podre e poucos policiais honestos que pouco podem resolver e imbecis petistas tendo orgasmo quando sai uma notícia que este ou aquele partido roubou e uma forças armadas sonolenta.

    Paulo do Pontalzinho
    paupont@bol.com.br

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