OPOSIÇÃO CONSEGUE ASSINATURAS PARA CPI DOS TRANSPORTES

A oposição aproveitou o momento do discurso do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, no Senado para colher as quatro assinaturas que faltavam para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende investigar denúncias de corrupção na pasta. A CPI dos Transportes vai apurar o esquema de pagamento de propina de empresas com contratos com o governo para engordar o caixa do PR, revelado por VEJA. João Durval (PDT-BA), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Reditário Cassol (PP-RO) e Zezé Perrella (PDT-MG) endossaram o pedido do PSDB. A diminuta oposição no Senado precisou conquistar apoio de 10 integrantes de partidos aliados para chegar às 27 assinaturas necessárias à criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes. PSDB, DEM e PSOL, que têm apenas 17 cadeiras no Senado, conseguiram ao todo o apoio de quatro peemedebistas, três parlamentares do PDT, dois do PP e um do PMN. O líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR) acredita que a instalação da CPI é uma vitória que demonstra a necessidade de mudanças no sistema de gestão adotado pelo PT – baseado no loteamento de cargos entre aliados. “Esse modelo tem que ser sepultado. Ele se sustentou por oito anos e meio, e já foi demais”, afirma. "Vamos conversar com os membros da base para ver a possibilidade de retirada de assinaturas. A CPI não é boa para o governo", disse o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), após o triunfo da oposição. O requerimento deve ser lido nesta quarta-feira em plenário. O prazo para retirada de apoio se encerrará à meia-noite do mesmo dia. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ligou para Jucá para questioná-lo sobre a deliciada situação. Ele negou que tenha recebido uma bronca da ministra por ter sido derrotado pela oposição. "Ela falou para eu ver o que era possível se fazer nesse caso". Alvaro Dias diz não temer a tentativa de governistas, que estão disparando telefonemas à base aliada, de abortar a CPI. “Acho difícil o governo conseguir convencê-los. Confio na responsabilidade pública dos que assinaram”, afirma. Embora o líder tucano defenda a instalação de uma investigação mais ampla, que contemple todas as denúncias envolvendo o governo federal, a CPI criada terá de se ater ao Ministério dos Transportes. O requerimento foi encaminhado já na noite desta terça-feira à Mesa Diretora do Senado, que irá conferir as assinaturas e pedir que os partidos indiquem os integrantes para a comissão. Por causa do critério da proporcionalidade, a investigação deve ser comandada por governistas. Se instalada, a comissão será composta por 13 titulares e 7 suplentes. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 180 dias após a instalação. Os tucanos acreditam que a CPI pode iniciar os trabalhos ainda no mês de agosto. Mas os partidos aliados podem fazer corpo mole e protelar as indicações para a composição da CPI, o que esvaziaria a comissão. (veja.abril.com.br).