Instituição de datas comemorativas, homenagens aos heróis da pátria, regulamentação de profissões poucos comuns, batismo de rodovias com nomes próprios estã
o entre os mais de 2,2 mil projetos apresentados por deputados e senadores neste primeiro semestre de 2011. Alguns desses projtos que marcam o início da nova legislatura, além de pitorescos, podem até ser considerados polêmicos. É o caso do projeto do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que propõe a instituição do Dia do Orgulho Heterossexual, a ser comemorado no terceiro domingo do mês de dezembro de cada ano. No texto, o deputado alega querer garantir o direito dos heterossexuais de manifestarem o orgulho por sua opção sexual. “Daqui a pouco, os heterossexuais se transformarão, pela propaganda midiática, em reacionários e nós queremos ter nossa opção pela família sendo alardeada com orgulho”, afirma o deputado, no trecho de justificativa do projeto. As propostas relacionadas a datas comemorativas seguem com projetos que sugerem a criação do Dia Nacional Sem Carro, do Dia do Brasil Sustentável, do Dia Nacional do Empregado Sindical, entre outras. Há ainda as propostas de regulamentação de profissões. O projeto que regulamenta a profissão de quiropraxista, do senador Paulo Paim (PT-RS), exige que a prática passe a ser exercida por profissionais com curso superior. A exceção é para quem exerce a atividade há mais de cinco anos. De acordo com o projeto, “é atividade privativa do quiropraxista habilitado executar métodos e técnicas para realizar a análise diagnóstica dos distúrbios biomecânicos do sistema neuromusculoesquelético e corrigir alterações articulares, com técnicas de ajustamento ou manipulação, principalmente da coluna vertebral”. Também há propostas curiosas de mudanças no Estatuto do Desarmamento. O deputado Washington Reis (PMDB-RJ) tem um projeto de lei para obrigar a gravação, em arma de fogo, do número da identidade do adquirente. E o deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC) apresentou projeto que autoriza os advogados a portarem arma de fogo para defesa pessoal. Já a deputada Flávia Morais (PDT-GO) quer alterar a legislação eleitoral para estabelecer que o eleitor votará em dois candidatos de gêneros diferentes, para as vagas de deputado federal, estadual e de vereador. Na justificativa, a deputada alega que “o referido projeto de lei visa a corrigir lacuna legal quanto à carência de representação feminina nos poderes legislativos”. As homenagens são tema de boa parte das matérias apresentadas. Algumas delas fazem menção a ilustres desconhecidos da maioria dos brasileiros. É o caso do projeto da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que quer reverenciar uma conterrânea solicitando a inclusão da sóror Joana Angelica de Jesus, no livro dos Heróis da Pátria, que fica no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. A freira homenageada defendeu um convento religioso em Salvador contra os soldados portugueses no século 19. Há também projetos que se referem a personalidades conhecidas, mas, provavelmente, a homenagem não terá aprovação unânime de todos os setores da sociedade. O deputado Emiliano José (PT-BA) quer inscrever os nomes de Carlos Marighella e Luiz Carlos Prestes no mesmo livro de heróis. Os dois comunistas lideraram movimentos rebeldes durante o governo de Getúlio Vargas e a ditadura militar no Brasil. Prestes liderou a chamada Coluna Prestes na década de 1930 e foi eleito senador após o fim do Estado Novo. Marighella, que foi deputado entre 1946 e 1948, atuou na luta armada contra o regime militar na década de 1960. Foi morto a tiros em 1969 por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília Paulo Kramer, boa parte desses projetos visa apenas a “melhorar a contabilidade da produção do parlamentar” e nunca deve chegar a ser transformada em lei. “Os parlamentares também são motivados pelas suas bases e pelos seus financiadores de campanha a apresentarem projetos. Uma grande quantidade deles não vai virar lei. Um projeto só tramita pela força dos interesses que estiverem por trás dele”, explica o professor. Kramer explica ainda que a vontade de mostrar produtividade por meio da apresentação de projetos de lei leva alguns congressistas novos a copiar projetos arquivados de outros parlamentares que não foram reeleitos. “A primeira coisa que fazem [os parlamentares novos] é ir ao arquivo e ver o que está arquivado. [Eles] Veem se bate com os interesses deles e, aí, copiam e apresentam como seus. Isso acontece quando o autor do projeto não se reelegeu”, afirma Kramer. O cientista político lembra ainda que os deputados e senadores sonham em ter seu nome como autor de uma lei. Poucos, no entanto, segundo ele, conseguem produzir projetos que se tornam leis relevantes. (Iolando Lourenço e Mariana Jungmann Agência Brasil).

A isso se deve chamar de VIADAGEM!
ResponderExcluirJurandir Bastos
SÓ FALTAVA ISSO... SERÁ QUE NÃO DÁ PRA ESSES DEPUTADOS ENTENDEREM QUE O BRASIL NECESSITA DE PROJETOS E LEIS MAIS DIGNAS?
ResponderExcluirSISSI
Val Cabral
ResponderExcluirÉ preciso dar início a um amplo movimento nacional, contra a corrupção e a impunidade. Ou a sociedade age ou ela será tragada para o mar de lama e o esgõto!
Antonio José de C. Santos