Não tenho dúvida em afirmar que a pessoa presa pode perder tudo: liberdade, casa, emprego, amigos, parentes, e assim por diante. Mas há alguém que não a abandona: sua mãe. Diria mais, a mãe vai presa com ela ou com ele. O Brasil conta hoje com mais de 400 mil presos, a maioria composta por jovens entre 18 e 25 anos. Muitos deles, ao ingressarem nas prisões, são esquecidos pela comunidade de onde vieram. Em Itabuna, a situação se agrava, pois a penitenciária fica muito distante de onde vivem os familiares. A enorme distância constitui um dos fatores de maior desagregação dos presos em relação à família e à comunidade à qual originalmente pertencem. No entanto, as mães não medem sacrifícios para assistirem os seus filhos, ainda que estejam presos em outras cidades e outros estados. De fato, mesmo formando uma massa empobrecida, sem recursos para manter-se, percorrem longos caminhos para estar com seus filhos mesmo que somente por duas ou três horas. São muitas as humilhações que sofrem as mães até entrarem na penitenciária, onde são revistadas, com a utilização de métodos incompatíveis com a dignidade da pessoa humana, como por exemplo, ficarem nuas e se agacharem por duas ou três vezes diante de funcionárias que nem sempre as tratam com respeito devido a todo ser humano. A vontade e a necessidade de ver os filhos fazem com que as mães se submetam a tratamentos degradantes. Mesmo depois das humilhações para chegarem á prisão, caminham em filas até o pavilhão interno sob os olhares indiferentes de alguns funcionários. Para muitos presos, esses são os únicos momentos de alegria durante o longo tempo de cumprimento de suas penas. Os presos artistas, quando chega o dia das mães, enchem as paredes do presídio com papéis decorados e lindas mensagens. É a maneira que eles encontram de homenageá-las. A visita é tão importante que, se a administração penitenciária quiser provocar uma rebelião, basta suspender as visitas e pronto, está armada a confusão. Pode se tirar tudo do preso, menos o direito de ver suas mães. Há, porém, o outro lado da história. Não é incomum encontrar a situação de mães que vão ao presídio visitar seus filhos e recolher o leite que ele deixa de tomar para entregá-lo à sua genitora, pois é sabedor de que ela, lá fora, passa por mais necessidades do que ele, cá dentro. Ser mãe de preso não é de fato uma experiência agradável, afinal, ninguém deseja ter um filho preso, dificuldade maior passam as mães presas. Elas e seus filhos. A mulher sofre muito mais as conseqüências do aprisionamento do que os homens. E isso por duas razões: Primeiramente porque representa apenas 5% da população prisional e, por esse motivo, não recebem a mesma atenção das autoridades oferecida aos homens, sua voz não se faz ouvir ante as autoridades constituídas, as quais reservam a quase totalidade de seus recursos para as prisões masculinas. Geralmente, às mulheres são abandonadas em penitenciárias masculinas que já não servem para os fins a que foram construídas, mas agora custodiam mulheres. Além disso, a vulnerabilidade da mulher em relação à saúde supera muito a do homem, pois necessita de cuidados especiais. O fluxo menstrual e a gravidez são suficientes para recordar a indispensabilidade de ginecologista e obstetra. Em segundo lugar está o abandono quase total a que as mulheres são submetidas. Se os homens recebem visitas de suas mães e esposas as mulheres só tem visitas de suas mães, os esposos, não poucas vezes esquecem-na. Delicado também é o estado das mães presas e grávidas. Poucas recebem atendimento pré-natal e isso tem levado invariavelmente a abortamentos e complicações no parto. Muitas por falta de médicos na unidade prisional e escolta para levá-las para o hospital, iniciam o trabalho de parto na cela mesmo e têm seus filhos com a ajuda de outras presas. Para aquelas que alcançam a graça de ver os seus filhos nascerem, podem passar até seis meses amamentando. Por fim, quero lembrar das mães de presos que também estão presas. São poucos os casos, mas existem. Sofrem as mães, sofrem os filhos. Geralmente essa situação ocorre quando o filho assume dívida dentro da prisão, sua mãe, para não ver o filho morto por seus credores, aceita a indigna tarefa de transportar no corpo drogas para dentro da prisão e, assim, saldar a dívida. No entanto, são presas no ato da revista na unidade prisional e levadas diretamente para a prisão. Pode parecer desagradável dizer essas coisas no mês das mães, mas desagradável mesmo é a realidade delas. E se chamamos a atenção para esses fatos, é porque sonhamos que um dia não precisaremos mais contá-los. Mães presas, mães de presos, feliz dia das MÃES!
O que dá dó mesmo são das mães que choram por seus filhos estarem presos como bichos!
ResponderExcluirA mãe dos culpados vão poder ver eles quandos eles sairem, eles vão poder continuar as vidas deles, mas a vitima não, ira ficar pra sempre naquela cama dependendo da mãe, ou vão chorar o filho assassinado. A justiça nem sempre é justa!
Mas fazer o que... estamos nesse mundo que nós mesmo criamos!
Orlando Nogueira
Mães sofrem sempre que vêem um filho em uma situação difícil, seja, doença, cadeia, finanças, amor... Enfim, qualquer caso. Creio que se a mãe vê seu filho num hospital, na cama, ela fica la, sofrendo com ele e sempre com a esperança de que tudo vai passar. Já na cadeia, o sofrimento (creio eu), é amenizado pelo fato de que ele estaria pagando por um erro cometido por ele. Claro que ela sofre, sempre.
ResponderExcluirRodrigo de Albuquerque
Oi amigo Val Cabral!
ResponderExcluirAcho que sofrimento é sempre ruim, não importa em qual grau e qual o motivo.
Além do mais mãe é mãe. Sofre em dobro.
Me refiro as mães de verdade, pq infelizmente há excessões.
Otávio Gomes da Silva
Mãe que é mãe vai sempre sentir os filhos como dependentes, como crianças e sempre sofrerá pelo sofrimento a que os filhos são submetidos.
ResponderExcluirMas acho que mãe que tem um filho doente deveria sofrer mais, por que é difícil lidar com o problema da saúde, nem todo dinheiro do mundo compra saúde, e as vezes vemos jovens, adolescentes com enfermidades graves, meninos(as) de outro, que estudam, que trabalham, que são o orgulho dos país... e que do nada surgem com doenças inexplicáveis.
A mãe que tem o filho preso, e por culpa dele, tem pelo menos o pensamento de que seu filho está lá, aprisionado por falta grave dele, por ter roubado, matado ou o que for. Ele certamente foi educado, recebeu carinho e alimentação... e resolveu seguir pelo caminho mais difícil. Presídio? Mérito dele... a mãe é simples espectadora.
Ruth Cordeiro
Eu acho que mãe, sofre com qualquer coisa que aconteça com seus filhos. Mãe, são todas iguais, só muda de endereço.
ResponderExcluirLucas
Val Cabral, eu acredito que a mãe do presidiário sofre muito mais que as mães de filhos vítimas de crimes, pois o filho estando lá na cadeia, ou no presídio, tem uma parcela da culpa e a mãe carrega com ela um sentimento de culpa por ter errado em alguma parte na sua educação.
ResponderExcluirRivaldo Magalhães