Mais de um em cada cinco eleitores levou menos de um ano para esquecer o nome de quem escolheu para representá-lo nas três casas legislativas em disputa nas eleições do ano passado, Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas. É o que revela pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que entrevistou 2 mil pessoas em 136 municípios escolhidos aleatoriamente em 24 estados, entre 3 e 7 de novembro. Os dados revelam que os deputados estaduais, fisicamente mais próximos do eleitor do que os enviados a Brasília, são os menos lembrados, já que 23% dos entrevistados declararam não se lembrar em quem tinham votado para esse cargo. Em seguida vêm os deputados federais, com 21,7% das declarações de esquecimento pelo eleitorado. Os senadores, que, mesmo concorrendo a duas cadeiras por estado, fazem campanha com enfoque de disputa majoritária, têm situação menos ruim na memória dos eleitores, mas nem por isso têm o que comemorar: 20,6% dos entrevistados não se lembram mais do nome impresso no santinho do candidato. Não é certo, mas não é improvável que, com o passar de alguns meses, esses percentuais de esquecimento aumentem, o que deixa claro que, mesmo depois de intensa campanha, incluindo os programas gratuitos do rádio e da TV, é muito baixo o envolvimento do eleitor médio com o candidato. Menos ainda é o conhecimento e, portanto, a concordância com suas propostas. Não foi por falta de campanha, nem de dinheiro. Um levantamento do TSE sobre os recursos envolvidos na campanha de 2010 concluiu que os candidatos a deputado federal, estadual e distrital (Brasília) gastaram, juntos, R$ 1,83 bilhão, representando 66,13% dos R$ 2,77 bilhões relativos à soma das prestações de contas do primeiro turno em todo o país. Já os 248 candidatos que disputaram a renovação de dois terços do Senado declararam ter gastado R$ 353,4 milhões - média de R$ 1,43 milhão por candidato -, com custo de R$ 2,61 por eleitor. A mesma pesquisa que mediu o esquecimento dos eleitos constatou que a maioria das pessoas (56%) se informa sobre política e eleições pela televisão e 18,4% por meio de conversas com amigos e parentes. A internet vem em terceiro lugar, com 9,9%. Mesmo que não se possa estabelecer relação direta dos gastos com o elevado índice de esquecimento dos candidatos pelos eleitores, os números parecem indicar que há algo de errado com a propaganda eleitoral. Além da falta de informação sobre a função e a importância dos parlamentos nas sociedades democráticas “tarefa que também deveria caber aos currículos escolares”, faz tempo que o desfile acelerado de nomes e fotos deixou de acrescentar algo relevante. Ser esquecido depois de eleito e escapar da cobrança do eleitor pode ser do interesse dos maus políticos, mas, certamente, nada tem a ver com a necessidade de o país manter o avanço da democracia que conquistou. A menos que se pretenda formar plenários de tiriricas honestos e doutores mal-intencionados, se faz necessário repensar o sistema de apresentação dos candidatos, suas idéias e fichas limpas.
Tenho dito e repetido sempre, que a mairoa do eleitorado é a maior responsável pela sujeira que existe na política brasileira.
ResponderExcluirSe não houvesse quem vota em corrupção, não haveria corrupção. E assim sobrariam recursos para construção de mais escolas, postos médicos, pavimentação, iluminação... Joselito Brito