Prefeitura Itabuna

Câmara Itabuna

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24 de novembro de 2010

SOLIDARIEDADE

Faz-se necessário esclarecer antes de tecer qualquer comentário sobre a transferência do frei José Raimundo, pároco da Santa Rita de Cássia, no próximo mês, que não privo de sua intimidade, que não faço parte de nenhum grupo religioso, que não faço parte de nenhuma comissão pastoral, de nenhum ministério, que não trabalho nessa igreja e não tenho parentes nem aderentes que lá trabalhem, portanto, sou livre para externar a minha opinião sobre sua transferência para Porto Seguro. Eu sou apenas, um simples católico (não sou beato), como tantos outros, que aos Domingos e noutros dias religiosos, eu vou à missa agradecer a Deus por ter me concedido mais alguns dias de vida, que aumente a minha fé para que ela não seja sucumbida pelas adversidades e circunstâncias do dia a dia. Toda mudança é sofrida, por isto, quero levar-lhe a minha solidariedade, dizer-lhe que entre os seus paroquianos, muitos vêem sua mudança não como um cumprimento regimental de sua Ordem ou uma necessidade premente, mas como um ato ardiloso e político dos seus desafetos e daqueles que têm ojeriza e despeito do seu trabalho e do seu compromisso com a verdade. A mudança numa instituição é salutar, a mudança traz novas idéias, a mudança oxigena as cabeças, desde que essa mudança seja motivada e esteja embasada em princípios democráticos, que todos os membros dessa instituição sejam ouvidos, não por injunções urdidas nos bastidores ao gosto e sabor do grupo dominante, não quero dar, aqui, uma de Lutero, porque me faltam autoridade e suporte intelectual, mas urge a necessidade da nossa Igreja Católica fazer reavaliação em alguns dos seus conceitos obsoletos e normas tradicionais antes que perca mais espaço para igrejas congêneres na fé. O católico, hoje, é consciente de sua fé, não possui o perfil ignorante e ingênuo do tempo de Canudos de Antônio Conselheiro, menos ainda, do período das indulgências, das inquisições ou da “Divina Comédia” de Alighieri. O tempo dos beatos e beatas, pouco e pouco, está desaparecendo... O católico atual exige uma igreja dinâmica, interativa, compartilhada, renovada, engajada, uma igreja que se preocupe com o espiritual, mas sem perder de vista as dificuldades temporais do homem, não uma igreja intocável, fechada, apolítica, distante e indiferente. Os adversários do frei José Raimundo acusam-no de intratável, de misturar sua paróquia às lides políticas, de usar o púlpito de sua igreja para promover a eleição dos seus candidatos, ignorando o sentimento de alguns religiosos avessos à política e aos políticos. Entende-se que é justo respeitar a posição pessoal desses fiéis, principalmente, aqueles de cabelos encanecidos, premiados pela longevidade e mentes não renovadas... Por outro lado, não é justo que um líder religioso seja omisso e distante dos problemas de sua comunidade, talvez, lhe faltou vocação diplomática para conciliar as idéias do passado com as necessidades atuais, aí, sobrevieram-lhe o desgaste, a antipatia e a conspiração rasteira... No Século V, a.C., Aristóteles sustentava que “o homem é um animal político”, portanto, faz-se imprescindível ao exercício da cidadania, as políticas públicas para que não falte ao homem: saúde, moradia, educação, segurança, transporte, saneamento básico e tantas outras ações políticas necessárias à existência humana. No cotidiano frei José Raimundo é uma pessoa sociável, cordata, de fino trato. Nunca o vi esboçar qualquer gesto grosseiro na relação diária com os fiéis de sua paróquia. Todavia, muitos não aceitam um “não”, essas pessoas acham que o sacerdote é desprovido de vontade, sempre tem que dizer “sim”, mesmo com o argumento contundente de impossibilidade ou de inconveniência. Não se pode negar o trabalho, a ética, a organização e o esforço missionário e evangelizador desse homem à frente da paróquia Santa Rita de Cássia. É prazeroso visitar as dependências de sua igreja: estacionamento sinalizado, jardim, salas de reunião, sala de informática, secretaria informatizada, tudo limpo, tudo pintado, tudo iluminado (ele recebeu a igreja quase às escuras), o cumprimento celetista dos funcionários em dia, organização contábil, boletins informativos do dízimo, cumprimento dos festejos religiosos e a criação de jornal e site paroquianos, afora a campanha de reciclagem do lixo e os mutirões de saúde e prestação de serviço que atendem todos os anos milhares de pessoas e outras ações sociais. Se alguém alegar que as atividades administrativas são de somenos importância em relação às atividades espirituais, responder-se-ia com as ações espirituais: a “missa dos homens”, os missionários de Jonas, a formação religiosa dos jovens etc., etc. Não se deve confundir firmeza de atitude com mal-educado, grosseiro, destemperado, colérico, pois Jesus Cristo, também, teve atitudes firmes, necessárias, a exemplo de expulsar os vendedores que fizeram do templo de Deus, antro de comércio e perdição: “Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas...” (Mateus 21-12), ou, quando enfrentou os olhares de censura de escribas e fariseus ao encontro de Zaqueu: “E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa...” (Lucas, Cap 19, 1-6). A pretensão precípua deste texto, é dizer ao frei José Raimundo que a maioria dos seus paroquianos lastima sua remoção, mesmo os seus opositores reconhecem seu trabalho, seu dinamismo, seu desejo de justiça, sua preocupação com os pobres e sua luta pela democratização e efetivação das políticas comunitárias. Enfim, desejo-lhe força, determinação e discernimento para que desempenhe em Porto Seguro o mesmo trabalho e oxalá que naquela comunidade, ele seja mais querido, encontre o mesmo aconchego de Sergipe e seja mais feliz no exercício de suas funções sacerdotais, que ele dê tempo ao tempo para as incompreensões e as injustiças. “O segredo da saúde da mente e do corpo está em não lamentar o passado, em não se afligir com o futuro e em não antecipar preocupações; mas está no viver sabiamente e seriamente o presente momento.” (Rilvan Batista de Santana - saber-literario.blogspot.com).

12 comentários:

  1. ISSO TUDO É ARMAÇÃO DO CESLAU. O BISPO NÃO FAZ E NEM DEIXA NINGUÉM FAZER NADA PELAS PESSOAS MAIS HUMILDES DA NOSSA CIDADE. FERNANDO BORGES

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  2. A Igreja Católica em Itabuna nunca mais será a mesma, sem o Frei Raimundo conosco.
    Daniel Monteiro

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  3. É lamentável que a Igreja Católica transfira um sacerdote que vem fazendo um bom trabalho na paróquia Santa Rita de Cássia. Parabéns Val pela divulgação do texto!

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  4. Li atentamente o artigo, concordo com o artigo do prof. Rilvan, faço parte dessa paróquia, frei Raimundo é um homem sério, trabalhador e tem um discurso preocupado com o pobre. Val, o seu blog é o melhor da cidade.

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  5. Frei Raimundo, sinto muito sua transferência para Porto Seguro, vamos sentir saudade, pois o Senhor é um homem franco, transparente e Itabuna precisa de homem o senhor.

    Vanda Santana

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  6. Frei Raimundo está sendo vítima da política rasteira de alguns paraoquianos descontentes e a conivência do bispo Ceslau.

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  7. Val Cabral, gostaria de conhecer Rilvan Santana, é seu parente? Somente você tem tanta coragem! Parabens!!!

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  8. Amigo Val Cabral, quem deveria se expulso de itabuna, é o próprio bispo Dom Ceslau.
    A Igreja Santa Rita nunca mais vai voltar a ser o que é, sem o comando e a orientação do Frei Raimundo.
    É lamentável isto que está acontecendo.
    Luiz Cláudio

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  9. ANULA ISTO STANULA!
    Antonio Andrade

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  10. Faz alguma D. Ceslau! Tu vais colocar um peso-morto no lugar de Frei Raimundo para que a Santa Rita fique às escuras?

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  11. D. Ceslau não ouça essas beatas que não gostam do progresso, de uma igreja dinâmica.

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  12. por isso que na igreja evangélica o sistema é diferente,quem coloca e quem tira são os membros da igreja, más para ter direito a isso ter que ter compromisso com a palavra, ser dizimista, ser fiel não só ir a igreja na missa do galo, semana santa ou na missa da misericórdia, misericórdia mesmo para vocês

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