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24 de novembro de 2010

PEQUENA POLÍTICA

Na reta final do segundo turno da disputa eleitoral, quando o caldeirão da baixaria ostentava o seu caldo mais grosso, o presidente Lula disparou critica precisa ao oponente de sua preposta candidata. Judicante, o condestável do sistema dominante afirmou categórico: "o Serra sai menor desta campanha". Em declaração anterior, mas no mesmo contexto, Aécio Neves, cantado e decantado como o novo líder da oposição pró-sistema dominante, usou das mesmas palavras para, por sua vez, caracterizar o papel do presidente no processo eleitoral: "o Lula sai menor desta campanha". Pouco depois da eleição e antes da prestação de contas, o deputado André Vargas, do PT do Paraná, lançou luz sobre outra dimensão do mesmo problema. Segundo ele (FSP, 10/11/2010): "depois de uma eleição como esta, ou aprovamos o financiamento público ou permitimos que o deputado se vista como piloto de F-1, cheio de patrocínio pelo corpo". Reeleito na maior bancada, do partido que recebeu o maior volume de recursos das grandes corporações, ele conhece o intestino do problema e sabe do que fala. Para completar o quadro, houve aquela sessão onde os ministros do Supremo Tribunal Federal bateram boca e não conseguiram firmar jurisprudência sobre a lei de iniciativa popular que alarga o leque das inelegibilidades. O empate na última instância de recorrência, por si só, já é um absurdo. Somado ao "barraco" armado entre os juristas da sereníssima República, então, é o ridículo elevado ao superlativo máximo. Uso escancarado do aparato de governo na campanha, máquinas eleitorais acoitadas nas máquinas do Estado, influência avassaladora do poder econômico nas condições da competição eleitoral, entre outros, foram elementos que definiram o perfil das eleições mais caras e mais sujas da nossa história política. A razão de semelhante descalabro é simples. Quando a pequena política, por artes e ofícios de uma conjunção imensa de fatores, se torna a única política possível, domina e avassala o interior das instituições, ela se transfigura em simulacro da "grande política". Em contrapartida, tudo diminui de tamanho, fica menor, se apequena: líderes, partidos, instituições. É por essas e outras que não vale a pena jogar pedras no Palhaço Tiririca. Ele é apenas um emblema. Tabuleta da encalacrada geral, da qual só se sairá quando o verdadeiro soberano da política voltar a animar os acontecimentos. Até lá, impera a força criadora de mitos dos marqueteiros, que manipulam conflitos e inventam grandes homens. O ocaso de uma era faz com que, no teatro de sombras da política, figuras diminutas exibam vulto de gigantes. As eleições gerais de 2010 foram uma expressão apoteótica da pequena política. (Léo Lince é sociólogo e mestre em ciência política).

7 comentários:

  1. ESSE TIRIRICA É O FIM DA PICADA.
    RILDO

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  2. Francamente, associar a seriedade de um Congresso à palhaçada ou deboche, não tem a menor graça.
    Paulo César Rios

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  3. Não gastaria meu voto nele, mas acho que o Tiririca, dos males é o menor. Ele é só o retrato de um nordestino pobre, sem estudo, artista que foi explorado até a última gota e tenta dar o tiro de misericórdia.
    Antonio Andrade

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  4. Lamentável... É triste ver como o povo não leva a sério a política no Brasil e depois diz que os políticos dó sabem roubar. Primeiro é necessário aprender a votar!
    Valmir Borges

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  5. Estive dando uma olhada nas opções de candidatos desde deputados estaduais até ao nível de senadores. E cheguei a conclusão que a classe política brasileira está tão desqualificada que os partidos políticos estão convidando pessoas “famosas” como prostitutas, palhaços e jogadores de futebol para aumentarem seus votos. Tudo é uma grande vergonha para todos nós.
    Ricardo Cassiano Almeida

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  6. PREFIRO VER O CONGRESSO CHEIO DE PALHAÇOS TIRIRICAS, AO INVÉS DE LADRÕES E CORRUPTOS. SIMPLESMENTE PORQUE ESTES ULTIMOS MATAM OS POBRES E TRABALHADORES DE MANEIRA MAIS CRUEL, TIRANDO-LHES OS RECURSOS, QUE DEVERIAM IR PRA SAÚDE, SEGURANÇA, EDUCAÇÃO, REMÉDIOS, SANEAMENTO, TRABALHO, ALIMENTAÇÃO ETC.
    ESSE PROMOTOR DEVE TER PERDIDO SUA BOQUINHA COM A NÃO ELEIÇÃO DO SEU CANDIDATO. QUEREM MORALIZAR O CONGRESSO? ENTÃO COMECEM DE IMEDIATO A IMPEDIR QUE OS FICHAS SUJAS ASSUMAM O MANDATO.
    E TAMBÉM QUE OS ANALFABETOS NÃO TENHAM A OBRIGAÇÃO DE VOTAR. DESSA FORMA NÃO PODERÃO SER VOTADO.

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  7. Maravilhoso este texto!
    Parabéns!
    Aliás, quero confessar que estou viciada em seu blog, todo dia tenho que ler o que escreve e os comentários.
    Ediana Carvalho

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