Os festejos de São João, desde menino é um momento que me empolga. As fogueiras, toda casa tinha uma. Era uma tradição. O fogo é um louvor que lembra o sinal de Isabel para comunicar a Maria o nascimento de João Batista. É o que conta a história bíblica. As labaredas das fogueiras lambiam o ar num clima de estonteante alegria. Esperávamos que ficasse só o braseiro para a animação dos compadres e afilhados. Hoje, apesar do progresso, a população do Nordeste não deixa passar o dia de São João sem a comemoração condigna. Hoje como ontem existem as quadrilhas, só que mais que sofisticadas, o forró e o baião. E na música que anima as festas juninas, está a figura inesquecível do saudoso Luiz Gonzaga. É verdade. Não há festa de São João legitima sem a presença do “Rei do Baião”. Luiz Gonzaga no seu repouso eterno deve estar dizendo Acorda gente que São João chegou. Acorda Sanfoneiro Macho, desperta Assum Preto, vem fazer o seu belo canto aqui bem perto do Riacho do Navio, sob o Luar do Sertão. Desperta homem nordestino, trás sua Sanfona Choradeira, para a festa do forró De cabo a rabo. O Nordeste tem sido caracterizado pelo berço das festas populares com o colorido, comida, veste e música e bebidas próprias: o gostoso São João. Fecho os olhos e volto a rememorar a festança no Alto Maron, Rua São José, no São Caetano, ruas da Mangabinha, Conceição, Fátima..., que servia de palco para os itabunenses, que unidos como uma boa família, brincavam sem cessar em festas juninas. É um prazer reviver outros tempos, como é bom não querer esquecer, só pensando nos tempo de outrora e na rua que nos viu nascer. E eu digo como Luiz Gonzaga em Noites Brasileiras: “Ai que saudades que eu sinto/das noites de São João/das noites tão brasileiras/das fogueiras/sob o luar do sertão/meninos brincando de roda/velhos soltando balão/moços em volta da fogueira/brincando com o coração”. Noite de São João! O traque, o diabinho, os foguetes, as fogueiras e seus mastros, que parecem sentinelas dispostos e enfileirados. Lá está o sanfoneiro a cantar: “Cresce o amor dia a dia/e cresce o amor de hora em hora/cresce também a saudade quando seu amor vai embora”. Tudo isso revivido de um ânimo incomparável. Tudo isso envolvendo a alma simples de um povo simples que luta com alegria pela sobrevivência e faz de cada momento um bálsamo em sua caminhada cheia de obstáculos. As dificuldades se alternam na vida do nordestino e são instantes como este, das alegres festas de São João, que ele tem para sorrir de felicidade. A noite de São João vive em minha memória. Aquela felicidade vivida na minha infância passou, porém no meu coração a fogueira da saudade continua ardendo sempre!
É preciso que Brasil de baixo reconheça o valor cultural do Brasil de cima. E pare com essa coisa de fazer beicinho para o nordeste. O que seria da cultura brasileira se não existisse a tão importante colaboração dos nordestinos?
ResponderExcluirQualquer um cidadão nordestino, da gema, ver com bons olhos a riqueza cultural da sua Região. E, sem sombra de dúvida, trava uma luta titânica no afã de defender esse patrimônio que é de todos. O Nordeste é uma das regiões pródigas que tem contribuído de forma expressiva com o cenário artístico-cultural do país; presente nas artes cênicas, plásticas, musicais, literárias, folclóricas e etc.
ResponderExcluirO São João além de ser prazeroso, eu considero a exibição desses atrativos como ações sócio-educativas. Faço questão que os meus filhos e netos vejam e cresçam sabendo valorizar essa riqueza cultural, para que no futuro a cultura do São João continue viva e acesa, nos moldes do presente.
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