Prefeitura Itabuna

Câmara Itabuna

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26 de abril de 2010

ITABUNA ANGARRAFADA

Neste artigo, não me refiro às atuais obras realizadas na Avenida Cinquentenário. Estas são importantes, apesar da inevitabilidade do desconforto para transeuntes, comércio local e carros. Elas fazem parte do engalanamento da cidade pra sua grande data, seu centenário. No caso acima, resta saber se há compromisso dos proprietários e locatários comerciantes da Avenida Cinquentenário para com a pintura das fachadas, evitando semelhança com aquela senhora (afinal, são 100 anos) que vai ao podólogo, depois passeia de roupa amarrotada, encardida e suja. Mas, isso não faz parte de meu tema que é o engarrafamento e seus parentes próximos. O ENGARRAFAMENTO: Moro a quase 41 anos na cidade e nunca vi coisa igual: O trânsito da Rua Ruffo Galvão é o caso mais grave, seguido de perto pela Inácio Tosta e mesmo a Beiro-Rio. A partir da Cesta do povo, seguindo pela subidinha do Forum e do Banco Real até a matriz de São José é um desespero. Haja paciência! A coisa se agrava quando das transversais da Ruffo Galvão, aguardam motoristas ansiosos para penetrar na bagunça. Após a Matriz de São José é comum; nova parada tolhe a paciência de qualquer santo chofer. O que intriga é que, se ANTES NÃO ERA ASSIM, nos nossos dias o novo fenômeno imita as capitais brasileiras. Aliás, um problemão a mais, fazendo quarteto ao trio: Saúde, Violência e Esgoto, pecados maiores e capitais de Itabuna, apontados em qualquer pesquisa séria. Pergunto: por que esse engarrafamento cotidiano, aparentando conformismo por parte das autoridades municipais? As razões nos parecem ligadas a(o): 1. Expressivo aumento de veículos e motos com os preços razoáveis, o crédito fácil e farto, os prazos a perder de vista e a grande colaboração do Governo com redução do IPI para o setor; 2. Falta de um plano (planejamento) inteligente por parte da Secretaria de Transporte e Trânsito, perspectiva para acompanhar a tendência atual de uma cidade que mesmo nas crises, e expressiva a venda, substituição dos carros e o aumento da relação carros por unidade de residência; 3. Estacionamento dos dois lados das ruas, “emagrecendo” a passagem para os veículos e a espera de quem, feliz da vida, faz apressado as manobras para estacionar, depois de rodar em busca de vaga por várias ruas; 4. Inexistência de um Engenheiro de Trânsito nos quadros da Prefeitura, para dar inteligência científica às ações bem intencionadas e pontuais do setor; 5. Existência de um Shopping, de duas Faculdades, pós ano 2000, atraindo residentes de municípios vizinhos, pauperizados e de comércio às moscas, falido, colapsado pelos males do cacau. O fato não é novo, mas sua gravidade o é. O poder de atração, hoje, de Itabuna, equivale ao de Salvador, 50 anos atrás. A comparação é feliz. Engarrafamento das ruas de Itabuna veio a se agregar ao caos na saúde; à violência evidente; à falta de água e à fantasia de emprego e os baixos salários; aos incontáveis buracos no asfalto mesmo no Centro e ao lixo sonolento nas ruas. Interessante, ali em Vitória da Conquista o fluxo é fácil e contínuo apesar de a população ser de quase o dobro de Itabuna, e a distribuição da renda ser mais equitativa. O ESTACIONAMENTO: Visão inocente daquele que julga e se encanta com os espigões e edifícios brotando em Itabuna. Ledo engano! Relembro que esse não é o indicador de orgulho e de desenvolvimento. Vitória da Conquista vende mais cimento que a soma do consumo do produto feito por Ilhéus com Itabuna (apesar de a estranha informação de perder em ICMS). O comércio, na intimidade se queixa (há exceções) do baixo nível das vendas. A Zona Azul veio pra ficar, mesmo estando algum tempo ausente. Ela é importante para ordenar o estacionamento. Todavia, se ela é necessária, não é suficiente. Estacionar veículo particular na cidade de Itabuna virou teste de irritabilidade: quase não há vagas fora do horário do almoço ou nas pontas do dia: muito cedo ou pela noite. As razões nos parecem: 1. O aumento contínuo do número de veículos; 2. O crescimento expressivo do número de motos; 3. Os espaços reservados para os táxis; 4. Os espaços convencionados para motos; 5. Os espaços proibidos, destinados às garagens particulares; 6. Os espaços proibidos, reservados aos bancos, estacionamentos públicos, etc. 7. O risco de estacionar embaixo de construções. OS IDOSOS E SEU ESPAÇO: Hoje se é possível observar Idosos fortes, esperança de vida crescente, praticando academias, indo a exames rotineiros da visão, alimentação adequada, viajantes grupais em planos especiais ou em família, mesmo em roteiros de navio. O idoso ficou feliz com a lembrança do Estatuto do idoso (Lei 10.741 de 2003). Por lei, o idoso de 60 anos ou mais, tem seus direitos escritos. No seu artigo 41, o idoso tem assegurado 5% das vagas dos estacionamentos públicos e particulares de rua, com placas esclarecedoras, oferecendo-lhe comodidade sem ter que brigar em duras disputas de vagas para o carro. Itabuna está civilizada, incorporada ao espírito da lei. Verdadeiro? Não! Falso! Só Aparência! Primeiro, por que a Secretaria de Transporte e Trânsito de Itabuna não obedece à lei e ao artigo 41, oferecendo 5% das 800 (ou mais?) vagas do estacionamento da Zona Azul. No mínimo seriam 40 espaços destinados a veículos conduzidos por idosos. Contei e elas não passam da metade. Segundo, por que as chamadas “vagas especiais” de estacionamento são geralmente ocupadas por jovens, adultos-jovens e adultos com menos de 60 anos. O tempo de permanência pode ser pequeno ou longo. Nenhuma autoridade coíbe essa prática, nem a Prefeitura, nem a Zona Azul através seus funcionários. O fato agrava o pingado de “vagas especiais” para o idoso e a prática é indecente. A teoria é uma, a prática é outra, no geral. Terceiro: por que a exigência da exposição do cartão e o atendimento às regras nele contidas para uso do idoso são letra morta, ignorados pelas autoridades que não monitoram o cumprimento. Quarto: Não existe um mapa ou tabela indicando esses locais de vagas especiais, facilitando a busca por parte do idoso. Trata-se de obrigação elementar, primária mesmo, mas dá um trabalhão danado para a laboriosa Secretaria pertinente. CONCLUSÃO: A população de Itabuna, sofrida com tanto problema em sua cidade está incorporando a mais nova dupla: engarrafamento e estacionamento. Os motoristas tendem a assistir e se irritar mais ainda com o agravamento desses novos dois calos quase gêmeos. O idoso certamente é o maior sofredor, pois não possui a energia dos mais jovens, tampouco a malandragem dos motoqueiros, reis dos ziguezagues e das buzinas do “sai da frente”. O idoso já sabe que suas vagas são de Papai Noel. SUGESTÃO: A história mostra que as guerras e a explosão de fenômenos aleatórios (vulcão, terremoto, maremoto, tsunami, etc.) criam inovações, ações e soluções inesperadas. A Prefeitura de Itabuna bem que poderia aproveitar o centenário para decidir sobre o novo grave problema. Esta seria a verdadeira festa comemorativa, dispensando mesmo comissão especifica e o ôba ôba, remorso do não carnaval. Talvez, do engarrafamento se retire simbolicamente uma garrafa e dela saia um Gênio, que aconselharia uma ida de 240 km para Vitória da Conq2uista, buscando inspiração, e, de sobra, a ação lembraria que há ano e meio a mais retumbante das vitórias eleitorais da história do Município, faz jus à crença depositada nas urnas. Um marco tão esperado na virada no estilo passivo de administrar a centenária e problemática CIDADE ENGARRAFADA. (Selem Rachid Asmar - doutor pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião).

14 comentários:

  1. Prezado Val Cabral

    O Selem Rachid Asmar foi muito oportuno neste artigo, pois a situação do trânsito em Itabuna está quase próximo do estágio de calamidade pública. O drama chegou a tal ponto, que eu, honestamente, além de ter traçado inúmeras rotas alternativas, procurar andar sempre por ruas que não sejam as principais, fui obrigado á me programar de forma diferente de antes. Hoje saio muito tempo antes para evitar surpresas, e nunca digo: "daqui á meia hora estou aí!!!" Infelizmente nossa cidade não tem estrutura para atender ao crescimento da frota, o que tem um lado bom e outro ruim. O bom é que as pessoas estão se conscientizando e passando á cobrar das autoridades um transporte público mais eficiente e digno, e o lado ruim é que você atinge a capacidade de adquirir um veículo mas não pode usá-lo como precisa e gostaria.
    Um grande abraço!!!
    LINDEMBERG.

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  2. Aqui no trânsito da maior cidade do sul da Bahia, Itabuna, o maior problema que tenho enfrentado é com motoqueiros sem educação alguma para o trânsito e cidadania.
    A gente sofre ameaças, xingamentos, quebra de retrovisor, riscos na pintura, chutes na lataria, enfim, os motoqueiros não estão respeitando os motoristas em seus automóveis.
    Quase todo dia morre, ou tem acidente com algum motoqueiro e todo dia centenas de pessoas estão sofrendo agressões de motoqueiros.
    Meu problema aqui em Itabuna, tem sido esse, os motoqueiros sem educação.
    José Henrique Soares de Lima

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  3. PARABÉNS POR ESTE ARTIGO SELEM... ELE RETRATA FIDEDIGNAMENTE O QUE PENSA A RESPEITO DESSE ASSUNTO.
    RILDO

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  4. Caro Professor Selem
    Resolvir meu problema de trãnsito em Itabuna, com uma medida radical e simples: uso minha bicicleta para ir a todo canto!
    Enquanto os motoristas ficam irritados, presos nos congestionamentos, eu pedalo livremente, chego mais rápido e ainda mantenho a boa forma física.
    Afora os benefícios individuais, deixo de emitir barulho e vários quilogramas de poluentes atmosféricos. Sem contar o espaço que deixo de ocupar nas vias e nos estacionamentos.
    Fica a sugestão para os motoristas: pedale por uma cidade melhor!
    Antonio Cordeiro

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  5. Prezado Val Cabral

    Aproveitando as eleições que se aproximam, minha recomendação para se evitar o trânsito caótico é cobrar de nossos Vereadores e do Prefeito que apliquem corretamente as verbas públicas. Estes Vereadores e Prefeito, devem incentivar a implantação de semáforos inteligentes, já existentes em outros locais do mundo, que conseguem alterar o tempo de passagem de acordo com o fluxo real de veículos. Vamos falar também de nosso asfalto todo esburacado e com faixas de tráfego apagadas? Ruas e avenidas com melhor pavimentação e sinalização, significam melhor fluxo de trânsito e maior segurança. Também quanto aos Vereadores, devem alterar o Código de Obras, fazendo com que a ocupação do solo seja mais regrada. Em outras palavras, devem proibir a construção desordenada de edifícios em vias que sabidamente não comportam sequer o trânsito já existente, porque quanto mais pessoas tiverem que passar por aquela rua/avenida até sua casa/trabalho, mais trânsito haverá. Já pensaram que os carros diminuem sua velocidade para entrar nas garagens e que isso diminui também o fluxo do trânsito? E por qual razão isto não é feito? Acho que todos aqui concordam que isto contrariaria os interesses de construtoras, não é mesmo?

    Paulo do Pontalzinho
    paupont@bol.com.br

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  6. Tem razão o Selem Rachid, o transito aqui é péssimo. Vou para o trabalho todos os dias de ônibus q vai até a porta do meu trabalho. Imagino se todas as pessoas decidirem pegar seu carro e irem trabalhar todos os dias. Cada um em um carro. Acho q já estamos chegando no momento em q nossas grandes cidades não estão conseguindo suportar isso e, por essa razão, nos deparamos com o caos em que se encontra o transito atualmente. Além do caos, precisamos nos conscientizar com a qualidade do meio ambiente, buscando evitar a poluição atmosférica e sonora. Se cada um fizesse sua parte, além de estar contribuindo para um meio ambiente ecologicamente equilabrado, para um trânsito melhor, tb estaria economizando com o estacionamento, com a gasolina e com o estresse q passa no transito.
    Edmilson Araújo

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  7. Olá Selem
    A melhor solução para o problema do trânsito em Itabuna, no meu entendimento, é o governo municipal incentivar o uso da bicicleta, que não polui, nem ocupa tanto espaço, além de fazer bem pra saúde de pessoas que vivem no stress na cidade.
    Só que ninguém gosta de pedalar sozinho, tem que haver um incentivo coletivo.
    Isto, aliás, já acontece em países desenvolvidos. Quando os políticos vão começar a enxergar???
    Fernando Pires

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  8. Me desfiz do carro em 2001. Uso ônibus e vou a pés. Por ter horários de trabalho flexíveis, consigo evitar os piores congestionamentos e os excessos de lotação nos coletivos. E caminhar me permite curtir a cidade muito melhor do que andando de carro. Só é uma pena que os motoristas itabunenses sejam tão desrespeitosos para com os pedestres. E a cidade seria muito melhor se não houvesse tantos carros circulando... Será que é mesmo tão difícil para todas essas pessoas desgrudarem da lataria? Para mim não foi.
    Sandro Monteiro

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  9. Na minha opinião, o transporte público deve ser tratado de forma séria e torná-lo eficaz não é mais um devaneio utópico e sim uma necessidade latente.
    Eu desconheço na minha vizinhança, alguém que dê carona a outra pessoa. Isto deveria ser uma atitude a ser cunhada aos cidadãos sensibilizando a todos de que a situação do trânsito a cada dia, tende a se agravar cada vez mais e mais.
    Posso concluir que: está chegando o dia de ao sairmos da garagem de casa, já encontraremos carros tomando todas as ruas dos bairros periféricos.
    Outra saída seria que as pessoas conseguissem sobreviver morando e trabalhando em cidades menores.
    Solange

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  10. Professor Selem, eu acredito que a solução desse problema das grandes cidades esta nas mãos dos governantes e do Estado.
    As únicas alternativas, creio eu, poderiam ser: 1º Remanejar o quadro de trabalhadores para que possam ter o emprego próximo a sua residência ou vice-verça. 2º Descentralizar ou tirar (distribuir melhor) as empresas nas regiões da cidade.
    Qualquer tentativa que não siga essa linha, só será paliativo temporária. Mesmo porque com estrutura a cidade só tende a trazer mais e mais pessoas para aqui trabalharem e permanecerem.
    Flávio Barreto

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  11. As nossas cidades não foram planejadas para rece-
    ber uma trafegabilidade de veículos como está acontecendo, então temos que nos conscientizar para este fato e fazer o possivel para ajudar.
    Nunes

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  12. VALEU SELEM RACHID... É ISSO AÍ. VC TEM TODA RAZÃO.
    PAULO RIBEIRO

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  13. Se o trânsito é caótico é pq o número de veículos motorizados ultrapassou em muito o suportável pela malha viária das grandes cidades. Chegamos no limite! Não vejo outras soluções senão o uso de transporte alternativo, especialmente a bicicleta e o transporte coletivo.
    A bicicleta é comprovadamente um dos meios mais rápidos de deslocamento em horários de rush, sem falar que não causa poluição atmosférica ou sonora. É muito mais saudável e econômico.
    Falta apenas que as pessoas e as autoridades públicas percebam isso, e comecem a seguir o exemplo de países como Dinamarca e Holanda. É uma questão cultural e merece ser repensada.
    Waldemar Conrado de Jesus

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  14. Artigo Nota Mil.
    Parabéns Selem.
    Gutemberg Matos

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