Prefeitura Itabuna

Câmara

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1 de fevereiro de 2010

NÃO SE DEVE ADOTAR APENAS CRIANÇAS

Adoção de crianças é um fato habitual e relevante. Adoção de idosos é um acontecimento incomum na vida das pessoas, mas, existe, e é a história que quero lhes contar. Um homem rude, afeito ao sol e ao vento, pescador há sete décadas, cuja vida transcorria na imensidão do mar. Amava o mar e a humanidade. Sua bondade era conhecida. Se sobrasse alguma coisa de seu sustento nada guardava; havia sempre alguém a quem estendia as dádivas de sua generosidade. Mas os anos passaram, implacavelmente. A velhice chegou; enfermidades crônicas sobrevieram. Não mais conseguia trabalhar. Sua esposa faleceu. Sentiu-se só, apesar da amizade e da solidariedade dos vizinhos. Alcançara 89 anos. Os companheiros de sua geração foram desaparecendo e, além da saudade imensa que o dominava, sentia necessidade de alguém com quem conversar e partilhar as longas horas dos dias que se arrastavam tediosamente. Resolveu procurar uma instituição de idosos, onde encontrasse cuidados e companhias de que necessitava. Um asilo? Espantaram-se os vizinhos. Sim, respondeu. Lá encontrarei outras pessoas de minha idade. No asilo, apesar das dificuldades iniciais de adaptação, recebeu muitos apoios. Procurou não se envolver nos problemas dos novos companheiros; eram muitas as naturezas convivendo num limitado espaço. As irmãs de caridade que dirigiam a instituição, abnegadamente, buscavam atender a todos. Os seus antigos vizinhos não deixaram de visitá-lo. Havia aqueles que os internados chamavam de benfeitores, pessoas que tinham tempo disponível e o utilizavam para fazer companhia aos idosos, conversar com eles e até levá-los a pa ssear nas proximidades. Uma senhora demonstrava a maior simpatia por ele. Animava-o. Levava-lhe os remédios de que tinha necessidade. Fazia-lhe companhia. Ele já a esperava com ansiedade. Acompanhada do marido, fez-lhe uma proposta: iria adotá-lo. Não tinham filhos. Ele iria para sua casa, cuidariam dele. Adoção de idoso? Para muitos, essa idéia era ridícula. Mas eles falavam sério. Conversaram com os dirigentes da instituição. Algum tempo depois, mudou-se para a casa de seus padrinhos. Reservaram um quarto somente para ele. A atenção dos padrinhos não tinha limites. Ele voltou a sorrir; a felicidade batera à sua porta. Por sinal, sua madrinha chamava-se Verônica, nome que lembrava a mulher que, durante a passagem do Cristo a caminho do Calvário, saiu da multidão e, com um véu, enxugou o rosto do Cristo.

3 comentários:

  1. Olha, eu particularmente acho linda a iniciativa, porém já tenho uma filha, e se um dia precisar cuidar de algum idoso, já os tenho: que são meus avós paternos/maternos...que ainda estão todos vivinhos graças a Deus!

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  2. Nada contra... mas é que eu não tenho bondade, carinho, paciência suficiente para esse tipo de generosidade... mas acho muito lindo quem faz e admiro bastante...
    Admiro quem adota crianças, adotar velhinhos então tem que ser realmente guerreiro.
    Mas eu não tenho jeito pra essas coisas...

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  3. A mentalidade da população brasileira é apontada como outro fator que influencia na má qualidade dos asilos: o povo acha que internar o parente idoso é algo negativo, e como não há, portanto, muitas pessoas internadas, o governo não considera a situação digna de maiores investimentos. Em muitos países desenvolvidos, porém, internar um parente de muita idade e debilitado é mais comum.

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