É comum o horror diante da brutalidade de dirigentes que queimam livros e prendem ou matam intelectuais como o imperador chinês Shih Huang Ti, que, 210 anos antes de Cristo, decidiu queimar todos os livros e matar todos os estudiosos do seu império. Até hoje, a Inquisição horroriza o imaginário da humanidade pelo crime de destruir livros e matar intelectuais durante a Idade Média. Em Berlim, no campus da universidade Humboldt, há um local de reverência indignada no lugar onde Hitler queimou milhares de livros. Mas não nos horrorizamos quando os livros são impedidos de ser escritos e os jovens de se transformarem em escritores. Indignamo-nos com a queima de livros e a prisão de escri tores, mas não com a incineração de cérebros como se faz no Brasil, ao negarmos educação ao povo. Pior do que queimadores de livros, somos incineradores de cérebros que escreveriam livros, se tivessem a chance de estudar. A história do Brasil é a história do impedimento de que livros sejam escritos e de que cientistas e intelectuais floresçam. Quando os livros são queimados, alguns se salvam. Mas se eles não são escritos, não há o que salvar. Quando os escritores se salvam, eles escrevem outros livros, mas quando não aprendem a ler, queimam-se todos os livros que poderia escrever. O Brasil é um crematório de cérebros. Ao nascer, cada ser humano traz o imenso potencial de um cérebro vivo e virgem. Como um poço de energia a ser ainda construído: pela educação. No Brasil, treze porcento dos adultos são analfabetos, apenas trinta e cinco porcento concluem o ensino médio; destes, só a metade tem uma educação básica com qualidade acima da média. Portanto, oitenta e dois porcento ficam impedidos de escrever, todos os livros que escreveriam são queimados antes de escritos. Como se o Brasil fosse um imenso crematório de inteligência. As conseqüências são perfeitamente perceptíveis: basta olhar a cara da escola pública no presente para ver a cara do País no futuro. Apesar de nossos quase 200 milhões de cérebros, o quinto maior potencial intelectual do mundo, o Brasil continuará a ser um país periférico na produção de conhecimento. Da mesma forma como a China regrediu intelectualmente depois de Shih Huang Ti; a Alemanha, com Hitler; a Península Ibérica, com a Inquisição; o Brasil está perdendo o potencial de seus cérebros interrompidos. O resultado já é visível: ineficiência, atraso, violência, desemprego, desigualdade, tolerância com a corrupção e a contravenção. Um país dividido por um muro da desigualdade que separa pobres e ricos; e separado das nações desenvolvidas. Durante ano s, falou-se no "decolar" da economia. Achava-se que para um país ter futuro bastava educar uma elite, um pequeno conjunto de profissionais superiores a serviço da economia. Formamos uma minoria no ensino superior, escolhida depois de rejeitar a imensa maioria na educação de base, e perdermos o potencial das dezenas de milhões deixadas para trás. Ou o Brasil se educa ou fracassa; ou educamos todos ou não teremos futuro e a desigualdade continuará; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás. Se a universidade é a fábrica do futuro, o ensino fundamental é a fábrica da universidade. Sem uma professora primária que lhe tivesse ensinado as primeiras letras e as quatro operações, Albert Einstein não teria se tornado cientista. Nossos prêmios Nobel morreram antes de aprender as quatro operações. Não podemos formar inteligências enquanto formos queimadores de cérebros. Não podemos melhorar a educação superior sem uma educa ção realmente universal e de qualidade para todos. Só o pleno desenvolvimento do imenso potencial da energia intelectual dos brasileiros permitirá derrubar o muro do atraso e o muro da desigualdade. Mas isso exige que o horror que sentimos com os estrangeiros que queimavam livros e sábios, seja transferido para nós próprios, incineradores de livros que não foram escritos, de doutores que morreram analfabetos. Incineradores de cérebros. (Cristóvam Buarque).
Val Cabral
ResponderExcluirConcordo com este nobre Senador. Ele poderia formar uma dupla com Marina Silva para as eleições. Seria uma boa opção para quem não gosta dos tecnocratas Dilma e Serra.
Guilherme Santos
Endoço as palavras sábias do senador Cristóvam Buarque e lamento que o povo brasileiro não o tenha dado a oportunidade de governar este país de pol´piticos corruptos e enganadores como Lula, Sarney, Collor, Maluf...
ResponderExcluirJosué Sales
Sujeito bacana , pena que não tem força política para um pleito nacional.
ResponderExcluirLuz pra você amigo Illuminati.
Flávio Nunes de Brito
Val Cabral, eu gostava muito dele até ele ser o primeiro a retirar assinatura da CPI da Petrobrás, fico me perguntando porque assinou então e o que o convenceu ao contrário, hoje não votaria mais nele pela decepção, se não havia nada errado ele deveria ter mantido e não ser o primeiro a amarelar!
ResponderExcluirSandra Araújo
BEM OPORTUNAS ESTAS PALAVRAS DO CRISTÓVAM.
ResponderExcluirO BRASIL NECESSITA DE GENTE ASSIM: QUE FALA A VERDADE, DOA A QUEM DOER!
JORGE VIEIRA
Acho o Cristovam um babaca e ultrapassado.
ResponderExcluirO tempo dele já passou e ele ainda não percebeu isso, embora corconde com algumas opiniões dele e este é o caso neste momento!!!
Kleber
Na última eleição presidencial eu votei nele. Gostei do discurso dele defendendo a educação como principal solução para os problemas da nação. Acredito, fielmente, que a educação é a base de tudo para o sucesso de um país. Um grande exemplo de êxito foi a Coreia do Sul.
ResponderExcluirProfº Cláudio
BABACA FOI QUEM NÃO VOTOU NELE PARA PRESIDENTE.
ResponderExcluirBASTA VER O QUE ESTÁ SENDO ESTE DESGOVERNO DO LULA E SUA QUADRILHA.
NUNES
Na política só tem ladrão.
ResponderExcluirLucas
Meu cara Val Cabral, este homem tem formação e cultura para saber que a "classe" política no Brasil é desprezível, se ele participa de alguma forma desta situação vergonhosa e aviltante então apenas é mais um que não presta.
ResponderExcluirSendo assim só me resta dizer que votar nele ou em qualquer político neste país é uma estultice.
Roberto Pereira dos Santos
Acho até competente, mas meio utópico. Nosso país precisa de educação sim, acima de tudo, mas quando se vai discutir outras questões com ele, simplesmente desconversa. Jorge Dantas
ResponderExcluirConcordo com o Senador Buarque. Rildo
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