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Trief

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2 de novembro de 2009

O GANHO DAS NOSSAS PERDAS

Outro dia me enterneci com a história de um amigo que havia salvo a vida de um pequeno beija-flor. Andando pelos cacaueiros, ele viu um indefeso passarinho caído no chão, desesperado por ter perdido a mãe e o aconchego do ninho. A primeira reação foi procurar onde estava o ninho e devolver o filhote, mas não foi possível. O vento talvez o tenha levado. A solução seria levá-lo para casa e cuidar para que ele sobrevivesse. Mas não é fácil conquistar a confiança de alguém com medo e, também, quando não se sabe se o que fazemos é o melhor, o certo. Ele não desistiu, acariciava o beija-flor, lhe oferecia alimento e carinho. Depois de algum tempo juntos, eles já se entendiam. No entanto, mesmo querendo o melhor para aqueles que gostamos podemos magoá-los. Ele estava com o passarinho em sua mão e, num leve movimento para tocá-lo de dedo, acabou prendendo sua patinha. E o beija-flor, que já estava tranqüilo, ficou mais arredio que antes. Foram outras tantas horas para reconquistar sua confiança. De volta à cidade, ele trouxe consigo o seu mais novo amigo e continuou a cuidar dele até que pudesse voar com as próprias asas e voltar para casa. A nossa vida é feita de detalhes, às vezes, nem percebemos como o destino nos ensina lições das mais diferentes formas. Em diversos momentos somos um beija-flor na vida de alguém ou somos surpreendidos com um beija-flor em nossa vida. Mas, o que é esse pássaro... Uma ave que vive de flor em flor buscando seu alimento e que, com ágeis movimentos de suas asas, consegue obter a leveza de ficar parado no ar o tempo suficiente para colher o néctar. Assim ele possui a sutileza da sua flor. Os antigos falam que quando um beija-flor entra em casa é sinal que receberemos visita. Mas, que não venha ninguém. Ele, por si só, é o melhor presente e consegue ser singelo e grandioso ao mesmo tempo. Quando era menino e morava na fazenda, sempre recebia a visita desse doce passarinho. Ao fechar os olhos, ainda vejo a cômoda do meu quarto com um enorme espelho oval e duas jarrinhas com flores artificiais. O beija-flor entrava e tocava tanto as flores coloridas quanto o reflexo delas no espelho. E eu apenas a admirar. Uma mesma situação pode despertar sentimentos diferentes, dependendo dos olhos de quem vê e do que se passa na alma. O que meus olhos viram nessa história é que o amor nasce a partir do momento em que se confia no outro. E que não é fácil confiar no desconhecido no que é muito maior do que nós mesmos. Amar é oferecer carinho, cuidado e não pedir nada em troca, pois o que se ganha é a alegria de ver o outro feliz. E o mais importante é saber que nem sempre teremos as pessoas que amamos ao nosso lado. Um dia, elas vão bater asas e voar. O que resta são as lembranças, e o amor só é belo quando sofre, perdoa e traz saudades. (Francisco Vieira dos Santos).

Um comentário:

  1. Parabéns pelas belas matérias oferecidas ao público.É importante nunca esquecer que as pessoas nasceram para serem amadas, porém nunca usadas.Usa-se as coisas e pessoas não são coisas!

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