O VOLANTE COMO ARMA EM MÃOS ERRADAS - Está cada vez mais um “Deus nos acuda” a realidade do nosso trânsito do dia-a-dia, e não adianta lamentar somente os buracos nas vias públicas e as péssimas condições de conservação dos veículos que trafegam sem serem fiscalizados. O problema é muito mais grave e requer conduta mais rígida das nossas autoridades. Adágios conhecidos na maioria das vezes contém afirmações que são frutos das vivências e observâncias ao longo de gerações. Muito antes de eu ou você, de nossos pais e mães nascerem, eles já existiam. Na China têm valor de regra. Um deles diz: o diabo mora nos detalhes. E é verdade. Vejam bem: em Itabuna o trânsito está cada vez mais caótico, seguindo tendência quase nacional. E por quê? Pelos detalhes. Detalhes vão passando despercebidos, aqui e ali e, quando se vê, já viraram o todo da coisa. As auto-escolas formam os condutores, ensinam-lhes regras e leis. Não é mais como antigamente, quando a pessoa ia e tirava a carteira “na raça” porque bastava saber dirigir. Hoje há toda uma preparação. Mas de que vale isto tudo se o detalhe está lá? Não há educação dos condutores formados. Este é o detalhe. 90 % deles esquecem rapidinho o que aprenderam. Porque não foram educados para seguir e obedecer regras. Não a Educação institucionalizada, mas aquela que forma caráter, transmite valores como gentileza, ética e etc., educação que prega que ao se existir uma lei, uma regra, é para ser cumprida, pois visa promover a boa convivência entre os homens. A antropologia cultural afirma que, ao se sentar atrás de um volante, o ser humano muda seu comportamento e se sente um ser poderoso, dono das ruas e senhor das regras, passando a existirem somente aquelas que lhe beneficiam. Some-se a isto a falta de educação e temos o que vemos por aí: motoristas que não respeitam sinalização, ultrapassam em faixa contínua, abusam da velocidade, dirigem bêbados, não sinalizam com setas as manobras que irão fazer, ligam sons em alto volume, etc. Tudo pequenos detalhes sem importância, dizem os que cometem estes abusos. E, se há abuso, é por que falta punição, falta controle, falta fiscalização. Sugiro que se adotasse uma nova regra: ao sair da auto-escola com sua carteira provisória, o novo condutor teria afixada em seu veículo uma placa de “aprendiz”. Durante um ano seriam avaliados nas ruas, em situações normais. Se cometesse uma infração, mesmo as mínimas (lembram dos detalhes), teriam que ficar mais um ano com a plaquinha de “aprendiz”. Se, ao final de um ano, ainda houvesse infrações, lhe seria tirada a carteira para todo o sempre. E a polícia faria sua parte, fiscalizando os abusos dos demais. Onde falta punição, cresce o desrespeito. Porque se formos esperar pela educação das novas gerações, se começássemos hoje, daqui a uns 15 anos teríamos indivíduos já com o mínimo de formação. O problema é que não se começa nunca e poucas pessoas se importam com esta triste realidade, cuja conseqüência pode aparecer com corpos de nossos entes queridos estendidos no asfalto, vítimas da imprudência, ou imperícia de quem não teve e nem tem o monitoramento na forma de conduzir um veículo.
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