Engraçado como até uma banana pode despertar um turbilhão de sentimentos. Aqui na Europa, ela tem outro formato, outro sabor, até parece mais comportada perfeita demais, quase sem cheiro, sem a doçura intensa que a gente sente nas feiras do Brasil. E é aí que mora a reflexão: na busca por tudo que é “melhor”, percebemos o quanto sentimos falta do simples.
Sinto falta da banana com manchinhas da feira de domingo,
do vendedor que grita “leva duas que eu faço um desconto”, do cheiro de fruta
madura no ar, da espontaneidade, da vida que pulsa fora das embalagens
perfeitas. Aqui tudo é bonito, controlado, certinho mas falta aquele toque de
alma que só o Brasil tem.
Talvez seja isso que a saudade realmente ensina: que o
valor das coisas simples não está na forma nem na aparência, mas na essência
invisível das lembranças que despertam. Porque há sabores que não pertencem ao
paladar e pertencem à alma.
E por mais desenvolvida que seja, nenhuma Europa alcança
o sabor, a cor e a verdade que habitam o nosso Brasil. Somos filhos de uma
terra imensamente rica em recursos, cultura e gente, mas empobrecida por
décadas de má gestão, descaso político e desigualdade histórica.
É essa contradição que nos força, tantas vezes, a atravessar oceanos em busca da dignidade que deveríamos encontrar em casa. Um país que tem tanto, mas entrega tão pouco não por falta de potencial, mas por excesso de políticos que esquecem o povo.

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