É perfeitamente compreensível a sensação de tristeza, que nos afeta nesta noite natalina. O Natal é uma época que naturalmente nos lembra das pessoas que amamos e da importância da família. A ausência dos pais, seja por perda ou por estarem distantes, tornar essa data, que é para ser de celebração, um momento de profunda melancolia e saudade.
Todavia, é
totalmente normal e válido sentir essa tristeza. Devemos nos sentir à vontade
para conversar mais sobre o assunto, ou apenas desabafar e este é o propósito
desta minha postagem. Ela funciona como descarrego, alento e álibi de fuga da
dor; de encontrar pequenas maneiras de honrar a memória deles ou de se conectar
com outras pessoas que nos apoiam.
Toda a gente que já perdeu um dos pais sabe que o
Natal não volta a ser a mesma coisa depois dos nossos pais morrerem. Mas as
coisas melhoram e embora não volte a ser a mesma coisa, o Natal não tem que
deixar de ser mágico.
Primeiro perdi a minha amada mãe Nice, o que
definitivamente me marcou. Já em fevereiro do ano passado, perdi meu amado pai ‘Bemzinho”.
Foi aí que o Natal se tornou em algo completamente diferente. Uma época, por
excelência, de vivência em família, não pode ser a mesma coisa quando os dois
membros mais importantes da família (a mãe e o pai) não estão presentes. O
Natal perde sem dúvida o brilho e há qualquer coisa que fica a faltar.
Depois da minha mãe morrer, o Natal não voltou a ser
igual. Sobretudo no dia de Natal (porque a noite costumava passar com a minha
mãe) sentia que faltava qualquer coisa. Nessa altura, deixei de festejar o
Natal. Não era que não gostasse de estar com a família, mas sentia que faltava
qualquer coisa ao meu natal. Natais com pais falecidos não são fáceis.
Antes da perda dos mês pais, eu gostava do Natal.
Adorava as músicas. Adorava a comida. Adorava as luzes e as decorações. Ir
comprar presentes. Era uma época mágica do ano. Depois, Natal passou a ser
sinônimo de falta, de solidão.
De alguma forma sempre senti a noite de Natal como
algo mais íntimo, para ser vivido apenas com as pessoas mais próximas. Talvez
porque também sou muito mais amante de estar em convívio com outras pessoas de
dia do que de noite. Mas pronto, a noite de Natal sem meus pais não voltou a
ser o mesmo.
Entretanto foi procurando outras alternativas. A
ideia é passar anos com os meus filhos netos, outros com amigos. Tento ver pelo
lado positivo, é como se tivesse várias famílias que me acolhem para passar o
Natal. Há um lado divertido de conhecer várias tradições. Para além disso, sou
sempre absolutamente livre de escolher o que quero fazer no Natal e não tenho
que alinhar com sandices natalícias que não queira fazer.
Apesar da tristeza que me invade nesta época (vejam
este outro post aqui), pouco e pouco fui voltando a encontrar a magia do Natal.
Uns anos fiz a árvore, para depois me encontrar perante a árvore, sem nenhuma
felicidade especial. Durante alguns anos, deixei de fazer a árvore e o presépio
porque esta época era oca para mim e achei que não valia a pena.
Depois dos meus pais morrerem, especialmente depois de morrerem os dois, não é fácil viver o Natal. Acho que este é um sentimento generalizado para quem perdeu um familiar próximo por esta altura. Mas com tempo, as coisas vão melhorando. O Natal nunca voltará a ser a mesma coisa, mas pode voltar a ser mágico.
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