A Polícia Federal apontou que o ex-presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) Alessandro Stefanutto recebia R$ 250 mil mensais, quando comandava o órgão, no esquema de descontos ilegais de aposentadorias.
Segundo
a decisão sigilosa do André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), que
determinou a sua prisão na quinta-feira (13), há indícios de que Stefanutto
exerceu papel de facilitador institucional do grupo criminoso dentro do INSS,
primeiro como procurador-chefe, depois, como presidente do órgão.
"Ele
utilizou sua influência na alta administração pública para garantir a
continuidade da fraude em massa, que gerou R$ 708 milhões em receita ilícita,
confirmando sua posição como uma das principais engrenagens da organização
criminosa", disse a PF.
Segundo
as investigações, o pagamento de valores indevidos aos altos gestores do INSS
era necessário porque, sem o apoio deles, seria impossível continuar com uma
fraude de tamanha magnitude, que envolvia mais de 600 mil vítimas e gerava
milhares de reclamações judiciais e administrativas
"Em
síntese, sua conduta viabilizou juridicamente o esquema fraudulento, conferindo
aparência de legalidade a operações ilícitas, mediante o uso da posição pública
de destaque que ocupava no INSS", diz a decisão.
Desses
repasses, segundo a polícia, quase a totalidade dos valores foram pagos entre
junho de 2023 e setembro de 2024 (à exceção de um pagamento de R$ 250 mil
realizado em outubro de 2022).
As
investigações da PF também apontaram que Stefanutto avaliava e aprovava a
manutenção dos convênios entre o INSS e da Conafer (Confederação Nacional dos
Agricultores Familiares), mesmo após alertas técnicos sobre inconsistências nas
listas de filiados e indícios de falsificação de autorizações de desconto.
Além
disso, autorizava o processamento de cadastros de filiação encaminhados pela
Conafer sem observância dos critérios legais e sem checagem da manifestação de
vontade dos beneficiários.
Ainda
de acordo com as investigações, Stefanutto recebia pagamentos mensais
provenientes de empresas vinculadas ao operador financeiro Cícero Marcelino de
Souza Santos, disfarçados como honorários de consultoria ou assessoria técnica
e utilizava influência institucional para manter a execução dos atos
criminosos.
Stefanutto
foi preso nesta quinta-feira (13), na nova fase da Operação Sem Desconto, que
apura um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em
aposentadorias e pensões, em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União).
Procurada,
a defesa de Stefanutto afirmou que não teve acesso ao teor da decisão que
decretou a prisão dele e que trata-se de uma detenção "completamente
ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à
apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação".
A defesa também disse que irá buscar as informações que fundamentaram a decisão para tomar as providências necessárias e que segue confiante, diante dos fatos, de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos relacionados ao caso.
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